ATA DA DÉCIMA NONA SESSÃO
ORDINÁRIA DA SEGUNDA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA TERCEIRA
LEGISLATURA, EM 03-4-2002.
Aos três dias do mês de
abril do ano dois mil e dois, reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e quinze
minutos, foi realizada a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores
Adeli Sell, Carlos Alberto Garcia, Ervino Besson, Estilac Xavier, João Antonio
Dib, João Carlos Nedel, José Fortunati, Marcelo Danéris, Nereu D'Avila, Raul
Carrion e Reginaldo Pujol. Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores
Aldacir Oliboni, Almerindo Filho, Beto Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão,
Dr. Goulart, Elói Guimarães, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Helena Bonumá,
Isaac Ainhorn, João Bosco Vaz, Juarez Pinheiro, Luiz Braz, Maria Celeste,
Maristela Maffei, Paulo Brum, Pedro Américo Leal, Sebastião Melo, Sofia Cavedon
e Valdir Caetano. Constatada a existência de quórum, o Senhor Presidente
declarou abertos os trabalhos e determinou a distribuição em avulsos de cópias
das Atas da Décima Quinta e Décima Sexta Sessões Ordinárias que, juntamente com
a Ata da Décima Quarta Sessão Ordinária e as Atas da Segunda e Terceira Sessões
Solenes, foram aprovadas. À MESA, foram encaminhados: pela Vereadora Clênia
Maranhão, o Projeto de Lei do Legislativo n.º 056/02 (Processo n.º 1221/02);
pelo Vereador Fernando Záchia, a Indicação n.º 012/02 (Processo n.º 1256/02);
pelo Vereador João Bosco Vaz, os Projetos de Lei do Legislativo n.ºs 057, 058,
059, 060 e 061/02 (Processos n.ºs 1225, 1226, 1227, 1228 e 1229/02,
respectivamente); pelo Vereador João Carlos Nedel, 03 Pedidos de Providências,
os Pedidos de Informações n.ºs 094, 100 e 101/02 (Processos n.ºs 1250, 1327 e
1328/02, respectivamente) e o Projeto de Lei do Legislativo n.º 068/02
(Processo n.º 1302/02); pelo Vereador Reginaldo Pujol, 01 Pedido de Providências
e os Pedidos de Informações n.ºs 096, 097, 098 e 099/02 (Processos n.ºs 1287,
1288, 1289 e 1290/02, respectivamente); pelo Vereador Sebastião Melo, o Pedido
de Informações n.ºs 093/02 (Processo n.º 1218/02); pelo Vereador Valdir
Caetano, 03 Pedidos de Providências. Também, foi apregoado o Ofício n.º 248/02,
do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, encaminhando o Projeto de Lei do
Executivo n.º 030/02 (Processo n.º 1307/02). Do EXPEDIENTE, constaram: Ofícios
n.ºs 310/02, do Senhor Gilberto Chiapinotto, Gerente de Desenvolvimento Urbano
da Caixa Econômica Federal - CEF; 10162207, 10162215, 10162314, 10162405,
10162457 e 10162573/02, do Senhor Sady Carnot Falcão Filho, Diretor-Executivo
do Fundo Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A seguir, o Senhor
Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR, ao Senhor Amarildo Pedro
Cenci, Coordenador da Secretaria de Comunicação Social do Sindicato dos
Professores do Estado do Rio Grande do Sul - SINPRO - RS, que discorreu sobre
as tratativas que estão sendo estabelecidas pela referida entidade e o
Sindicato dos Estabelecimentos do Ensino Privado no Estado do Rio Grande do Sul
- SINEPE, no sentido de defender os interesses de seus filiados, principalmente
quanto à concessão de reajuste salarial e reposição das perdas inflacionárias
sofridas pela categoria. Na ocasião, nos termos do artigo 206 do Regimento, os
Vereadores Carlos Alberto Garcia, Adeli Sell, João Antonio Dib, Reginaldo Pujol,
Ervino Besson, Raul Carrion, Paulo Brum e Haroldo de Souza manifestaram-se
acerca do assunto abordado durante a Tribuna Popular. Também, o Senhor Presidente
registrou a presença do escritor Moacyr Scliar, dos Vereadores Antônio Camerini
e Valdecir Rubbo, do PDT, e Rivelino Soares da Silva, do PL, do Município de
Bento Gonçalves - RS, e da Senhora Vera Lia Fortini Cavalheiro, Presidenta da
Associação Portoalegrense de Cidadãs. Às quatorze horas e cinqüenta e dois
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quatorze horas e cinqüenta e quatro minutos, constatada a existência de quórum.
Em PAUTA, Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo n.ºs 298/01, 043, 048 e 047/02, este discutido pelo Vereador Adeli
Sell; em 2ª Sessão, o Substitutivo n.º 01 ao Projeto de Lei do Legislativo n.º
293/01, discutido pelo Vereador Nereu D'Avila, o Projeto de Lei do Legislativo
n.º 033/02, o Projeto de Lei do Executivo n.º 020/02, discutido pelo Vereador
João Antonio Dib; em 3ª Sessão, o Projeto de Lei do Executivo n.º 012/02,
discutido pelos Vereadores Estilac Xavier, Reginaldo Pujol e João Antonio Dib,
o Projeto de Resolução n.º 059/02. Na oportunidade, o Senhor Presidente
registrou a presença das professoras Denise Oliveira Bernardes e Cristina Cunha
Mello, bem como de alunos da Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio,
informando que Suas Senhorias comparecem a este Legislativo para participarem
do Projeto de Educação Política promovido pelo Memorial da Casa junto a escolas
e entidades de Porto Alegre e da Região Metropolitana. Também, o Senhor
Presidente informou que o Vereador Beto Moesch se encontra representando
externamente este Legislativo em reunião do Comitê de Gerenciamento do Lago
Guaíba. Após, o Senhor Presidente apregoou o Ofício n.º 261/02, de autoria do
Senhor Tarso Genro, Prefeito Municipal de Porto Alegre, no qual Sua Excelência
apresenta sua renúncia ao referido cargo, a partir das doze horas do dia quatro
de abril do corrente. Também, foi apregoado o Ofício Circular do Gabinete da
Presidência n.º 002/02, de autoria do Vereador José Fortunati, Presidente da
Câmara Municipal de Porto Alegre, convocando os Senhores Vereadores para Sessão
Solene destinada à realização da cerimônia de posse do Senhor João Verle no
cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, a ocorrer amanhã, às quatorze
horas e trinta minutos, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho,
tendo o Senhor Presidente prestado esclarecimentos sobre o assunto e
determinado a distribuição de cópias desse Ofício aos Senhores Vereadores Em
COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Isaac Ainhorn reportou-se à renúncia do Senhor
Tarso Genro ao cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, analisando os
fundamentos legais, jurisprudenciais e históricos que embasam a realização,
amanhã, às quatorze horas e trinta minutos, de Sessão Solene da Câmara
Municipal de Porto Alegre, destinada à realização da cerimônia de posse do
Senhor João Verle como Prefeito Municipal. O Vereador Elói Guimarães
manifestou-se sobre a convocação feita pelo Senhor Presidente da Câmara
Municipal de Porto Alegre para a Sessão Solene a ocorrer amanhã, destinada à
realização da cerimônia de posse do Senhor João Verle no cargo de Prefeito
Municipal de Porto Alegre, abordando disposições constantes na Lei Orgânica
Municipal que se referem ao tema, bem como às situações em que o Vice-Prefeito
substitui o Prefeito Municipal durante os respectivos impedimentos, ausências e
licenças. O Vereador Raul Carrion referiu-se à Sessão Solene a ser realizada
amanhã, para a realização da cerimônia de posse do Senhor João Verle no cargo
de Prefeito Municipal de Porto Alegre. Também, relatou visita realizada por
Vereadores membros da Comissão de Urbanização, Transporte e Habitação em área
situada na Vila Nova, na qual foram reassentadas setecentas e dezesseis
famílias que habitavam locais sem infra-estrutura adequada. O Vereador Fernando
Záchia discorreu sobre o Ofício n.º 261/02, de autoria do Senhor Tarso Genro,
informando a sua renúncia ao cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, a fim
de disputar o cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul nas próximas
eleições. Nesse sentido, criticou o posicionamento adotado pelo Senhor Tarso Genro,
referindo-se a declarações prestadas à imprensa por Sua Excelência, as quais
garantiam o cumprimento integral do seu mandato. A Vereador Clênia Maranhão
referiu-se às declarações efetuadas pelo Senhor Tarso Genro, por ocasião da
campanha de Sua Excelência como candidato do Partido dos Trabalhadores à
Prefeitura Municipal de Porto Alegre no ano de dois mil, no que diz respeito ao
cumprimento de seu mandato caso fosse eleito. Nesse sentido, face à renúncia do
Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, questionou a assunção do Senhor João
Verle para a ocupação desse cargo. O Vereador Paulo Brum manifestou-se acerca
do Ofício n.º 261/01, encaminhado pelo Senhor Tarso Genro, comunicando a
renúncia de Sua Excelência ao cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre.
Também, teceu críticas ao Governo Municipal no que tange ao credenciamento de
Porto Alegre para participar de programas sociais desenvolvidos pelo Governo
Federal e destinados a atender a população de baixa renda, especialmente o
Programa Bolsa-Alimentação. O Vereador Haroldo de Souza procedeu à leitura do
Ofício n.º 261/01, de autoria do Senhor Tarso Genro, Prefeito Municipal de
Porto Alegre, enfocando o tempo de permanência de Sua Excelência no exercício
desse mandato. Ainda, posicionou-se contrariamente às políticas públicas
implementadas pelo Executivo Municipal no se refere à exclusão social de
menores carentes e aludiu ao Projeto de Lei do Legislativo n.º 035/01, que
dispõe sobre a criação de casas-lares no Município. O Vereador João Antonio Dib
repudiou os valores político-partidários adotados pelo Senhor Tarso Genro,
Prefeito Municipal de Porto Alegre, relativamente à disposição de Sua
Excelência em concorrer ao cargo de Governador do Estado no pleito eleitoral a
ser realizado no corrente ano. Ainda, analisou criticamente os problemas
enfrentados pela população porto-alegrense na área de saúde pública,
contrapondo-se à aplicação de recursos públicos, pelo Governo Municipal, no
sistema financeiro nacional. O Vereador Estilac Xavier, reportando-se aos
pronunciamentos dos Vereadores que o antecederam na Tribuna, teceu
considerações acerca dos fatos que motivaram a renúncia do Senhor Prefeito
Municipal de Porto Alegre, destacando as qualidades morais e a trajetória
política de Sua Excelência. Também, discorreu sobre a questão da fidelidade
partidária, posicionando-se contrariamente à posição assumida por candidatos
que, após eleitos, filiam-se a outros partidos políticos. O Vereador Luiz Braz
manifestou-se sobre o pronunciamento do Vereador Estilac Xavier, no que tange à
questão da fidelidade partidária, tecendo críticas à renúncia do Senhor Tarso
Genro ao cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, com a finalidade de
concorrer ao Executivo Estadual no pleito eleitoral deste ano. Também,
dissertou sobre denúncias de irregularidades nas eleições prévias promovidas
pelo Partido dos Trabalhadores para indicação de candidato ao cargo de Prefeito
Municipal nas eleições ocorridas em mil novecentos e noventa e oito. A seguir,
constatada a existência de quórum, foi iniciada a ORDEM DO DIA e apregoado
documento firmado pelo Vereador Estilac Xavier, Líder da Bancada do PT,
comunicando que os cargos de Líder, 1.º Vice-Líder e 2.º Vice-Líder dessa Bancada,
a partir desta data, passam a ser exercidos, respectivamente, pelos Vereadores
Marcelo Danéris, Adeli Sell e Juarez Pinheiro. Também, o Senhor Presidente comunicou
que a Vereadora Maristela Maffei se encontra representando externamente este
Legislativo em manifestação da Comunidade Palestina pela Paz dos Povos, realizada
no Centro da Cidade. Em Discussão Geral e Votação Nominal, foi aprovado o
Projeto de Lei do Legislativo n.º 023/01, considerando-se rejeitado o Veto
Total a ele aposto, por vinte votos SIM, oito votos NÃO, e uma ABSTENÇÃO, após
ser discutido pelos Vereadores Sofia Cavedon, Haroldo de Souza, Aldacir
Oliboni, Pedro Américo Leal, Adeli Sell, Juarez Pinheiro, João Antonio Dib,
Maria Celeste, Isaac Ainhorn e Estilac Xavier e encaminhado à votação pelo
Vereador Marcelo Danéris, tendo votado Sim os Vereadores Almerindo Filho, Beto
Moesch, Cassiá Carpes, Clênia Maranhão, Dr. Goulart, Elói Guimarães, Ervino
Besson, Fernando Záchia, Haroldo de Souza, Isaac Ainhorn, João Antonio Dib,
João Bosco Vaz, João Carlos Nedel, José Fortunati, Luiz Braz, Nereu D'Avila, Paulo
Brum, Reginaldo Pujol, Sebastião Melo e Valdir Caetano, Não os Vereadores Adeli
Sell, Aldacir Oliboni, Estilac Xavier, Helena Bonumá, Juarez Pinheiro, Marcelo
Danéris, Maria Celeste e Sofia Cavedon e tendo optado pela Abstenção o Vereador
Pedro Américo Leal. Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo n.º
023/01, a Vereadora Helena Bonumá cedeu seu tempo de discussão ao Vereador
Adeli Sell. Foi aprovado Requerimento de autoria do Vereador Sebastião Melo,
solicitando votação em destaque para o inciso II do § 2.º do artigo 1.º do
Projeto de Lei do Legislativo n.º 036/01 (Processo n.º 1008/01), com Veto
Parcial. Em Discussão Geral e Votação Nominal, esteve o Projeto de Lei do
Legislativo n.º 036/01, com Veto Parcial, o qual foi discutido pelos Vereadores
Estilac Xavier, Sebastião Melo, João Antonio Dib, Adeli Sell e Elói Guimarães.
Durante a apreciação do Projeto de Lei do Legislativo n.º 036/01, os Vereadores
Marcelo Danéris e Ervino Besson cederam seu tempo de discussão aos Vereadores
Estilac Xavier e Sebastião Melo, respectivamente. Às dezoito horas e vinte e
nove minutos, constatada a inexistência de quórum, em verificação solicitada
pelo Vereador Marcelo Danéris, o Senhor Presidente declarou encerrados os
trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sétima Sessão Solene,
destinada à realização da cerimônia de posse do Senhor João Verle no cargo de
Prefeito Municipal de Porto Alegre, a ser realizada amanhã, às quatorze horas e
trinta minutos. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores José Fortunati,
Carlos Alberto Garcia, Paulo Brum e João Carlos Nedel e secretariados pelo Vereador
Reginaldo Pujol. Do que eu, Reginaldo Pujol, Secretário “ad hoc”, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada
pela Senhora 1ª Secretária e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Passamos à
O Sr. Amarildo Pedro Cenci, Coordenador da Secretaria de
Comunicação Social do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul
- SINPRO/RS -, está com a palavra, pelo tempo regimental de dez minutos.
O SR. AMARILDO PEDRO CENCI: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, estou aqui representando o Sindicato dos
Professores – SINPRO, entidade que representa trinta mil professores,
espalhados por cento e vinte e nove estabelecimentos de educação infantil,
cento e noventa e seis escolas de ensino fundamental, trezentas e quarenta e
seis escolas de ensino médio, sessenta e cinco escolas de educação superior -
universidades, faculdades isoladas -, duzentos e oitenta e sete
estabelecimentos de cursos livres, totalizando mil e vinte estabelecimentos com
mais de quatrocentos e cinqüenta mil alunos. O Sindicato estadual se encontra,
junto com outros sindicatos de trabalhadores auxiliares e de outros sindicatos
de professores municipais, no caso de Ijuí e Caxias, em campanha salarial. Esse
setor econômico que representamos, no caso os trabalhadores, é um setor
econômico em franco crescimento. Só para os senhores terem uma idéia, na última
década, se tomarmos somente a educação superior como exemplo, vamos ver que
houve um crescimento de mais de 50% em número de alunos. Hoje, 68% dos
universitários, no Rio Grande do Sul, estão freqüentando instituições privadas
de educação, um setor que cresce, que se dimensiona, que se pulveriza em
frentes, como por exemplo, a educação profissional, a educação técnica e, como
já disse, em cursos livres, e que representa hoje um setor econômico sólido, em
crescimento, em expansão. Se tomarmos a última revista Exame, que saiu nesta semana, vamos ver que, assim como em outras
partes do mundo, em outros países, também no Brasil, hoje, esse setor da
economia já movimenta mais de 92 bilhões ao ano. Esse crescimento brasileiro, é
claro, à sombra da ausência do Estado, também acontece aqui no Rio Grande do
Sul. Esse setor econômico das escolas particulares, que cresce consolidado e
que, nos últimos seis anos, reajustou suas mensalidades 30% acima da inflação,
neste momento está resistindo em conceder aos seus trabalhadores a reposição da
inflação. Temos, em parceria com a subseção do DIEESE, porque temos um trabalho
de pesquisa realizado nos últimos dez anos, o dado de que as escolas
particulares do Rio Grande do Sul sempre reajustaram suas mensalidades acima da
inflação, se tomarmos por base o INPC. Na última década, nós temos construído
uma relação de negociação que tem beneficiado todo o setor: a clientela das
escolas - e essa é a sensibilidade que o Sindicato tem quando negocia -, a
capacidade de pagamento dessa clientela, as escolas, porque podem planejar e
têm beneficiado, sim, a nossa categoria de professores e funcionários, na
medida em que nós, hoje, temos um acordo coletivo que regulamenta o setor, que
estabelece o regramento de funcionamento mínimo para que esse setor seja
considerado um dos principais prestadores de serviço em educação no Brasil. A
escola particular gaúcha é hoje respeitada em todo o Brasil, é considerada,
hoje, dentre os setores prestadores de serviços, o setor que melhor presta esse
serviço no nosso País. O que nos traz aqui é o fato de após dez anos de
negociações com resultado positivo para todas as partes - professores,
clientela e escolas -, e uma tradição de negociação que considera a seriedade
do serviço prestado por esse setor, hoje, nós, os trabalhadores, encontramos
uma dificuldade de, no mínimo, na negociação salarial, conseguirmos a reposição
das perdas inflacionárias. Diga-se, algumas escolas, para 2002, já reajustaram
as suas mensalidades pela inflação, e muitas acima da inflação, mas a média tem
reajustado pela inflação. Essas mesmas escolas que reajustaram já suas
mensalidades na média da inflação resistem em reajustar os salários dos
professores e apresentar uma proposta aos professores e funcionários que, no
mínimo, reponha a inflação do período. As alegadas dificuldades são de que a
clientela está com problemas de pagamento. Nós respondemos que se houvesse
dificuldades para pagar, as mensalidades não deveriam ter sido reajustadas
acima da inflação. Se é verdade que o argumento do reajuste das mensalidades
pela inflação é o argumento da reposição salarial quando na negociação com a
clientela, agora, na negociação dos salários, nós queremos que aquele argumento
utilizado seja coerente na hora de se repor o salário e as condições de
trabalho dos professores e funcionários.
Nós
estamos trazendo essa preocupação e informando esta Casa sobre os fatos. Nós
teremos pela frente uma semana decisiva, uma vez que o Sindicato patronal fará
a sua assembléia na próxima sexta-feira, e nós, professores e funcionários, em
conjunto, faremos a nossa assembléia geral no sábado.
Estamos,
nesta tribuna, em primeiro lugar para registrar que esse setor, que cresce e
que se firma, está consolidado e crescerá ainda muito mais, hoje nega aos trabalhadores
condições de trabalho, num acordo mínimo que regulamente a nossa atividade e
nega a reposição dos salários aos seus trabalhadores. Observem que a
reivindicação que nós fazemos é a inflação do período, que hoje acumula 9,57%.
Essa é uma trajetória tanto de reivindicação do Sindicato quanto de construção
de acordos, que considera, sim, a realidade de economia e considera as
dificuldades, mas também as possibilidades que as escolas têm de pagar. Não
estamos pedindo nada além do que os nossos estudos, feitos nos últimos anos,
mostram: o que a realidade concreta do setor permite pagar aos trabalhadores.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Agradeço ao Sr. Amarildo Pedro Cenci,
pela sua participação na Tribuna Popular. Convido-o a fazer parte da Mesa, para
que as bancadas possam manifestar-se.
O
Ver. Carlos Alberto Garcia está com a palavra nos termos do art. 206 do
Regimento.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Prezado Presidente, prezado Prof.
Amarildo Pedro Cenci, Coordenador da Secretaria de Comunicação Social do
SINPRO/RS, Srs. Vereadores.
Em
primeiro lugar, quero dizer da alegria de saudar o SINPRO nesta tarde, por vir
aqui manifestar as suas reivindicações. Em segundo lugar, por ser sócio, há
muitos e muitos anos do SINPRO, e o senhor sabe da luta que este professor,
hoje Vereador, sempre teve na categoria, embora exercendo uma função de direção
nunca se furtou em todos os momentos de reivindicar. Acompanhamos, no ano,
passado a questão da hora-atividade, que não evoluiu, mas, ao mesmo tempo,
podemos dizer que o SINPRO ao longo desses anos, construiu talvez o melhor
acordo de todo o Brasil, um acordo sindical que traz uma certa segurança à
categoria. Entendemos que essa postulação reivindicada, pelo menos a reposição
da inflação, é mais do que justa, e o Partido Socialista Brasileiro está
engajado nesse movimento, e este Vereador como professor, também faz parte
dessa luta, porque entendemos que é uma reivindicação justa, embora, ao mesmo
tempo saibamos que, em todas as reivindicações, nunca se consegue aquilo que se
pede. Mas eu tenho a certeza de que, neste fim de semana, haverá um acordo e,
talvez, na próxima segunda-feira, possamos informar nesta Casa que houve um
acordo entre o SINPRO e o SINEPE.
Parabéns,
Amarildo, pela luta e pode contar com este nosso Partido, o Partido Socialista
Brasileiro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ADELI SELL: Caro Presidente Fortunati, caro Prof.
Amarildo Censi, Srs. Vereadores é uma satisfação muito grande que eu possa
falar em nome da minha Bancada, a Bancada do Partido dos Trabalhadores, e dizer
à Diretoria do SINPRO, a todos os professores e professoras da rede de ensino
privado do Rio Grande do Sul que têm a nossa plena solidariedade a todas as
lutas travadas no último período, em especial, em relação à resistência que faz
o sindicato patronal SINEPE em não atender uma modestíssima reivindicação, que
não é nada mais e nada menos do que a reposição da inflação do período. Eu acho
que é o mínimo que se possa esperar é que se reponha aquilo que se perdeu nesse
período. O SINPRO-RS, tem feito conquistas muito grandes em muitas das suas
negociações, é um sindicato que se fortaleceu na sociedade, inclusive com esse
belo instrumento que é o extraclasse, e agora nós também ficamos muito
espantados de ver que algumas escolas que têm feito grandes construções, têm
feito grandes investimentos, inclusive fora da área educacional, e tendo
recebido sempre o título de instituição filantrópica, não paguem aos
professores, paguem com muito atraso, como está acontecendo e como aconteceu
recentemente com a ULBRA, aqui no Rio Grande do Sul, coisa que já recebemos
inúmeras denúncias em nossos gabinetes. É importante que se construa, é
importante também que se pense nas bibliotecas, mas que se pense,
fundamentalmente, nos professores e professoras, que são, de fato, o grande
capital que as instituições de ensino têm, porque, sem o professor, não há
instituição. Obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Quero, com muita honra e com muita
alegria, anunciar a presença do grande amigo, escritor, que dedicou a sua vida
em prol da saúde pública, nosso querido Moacyr Scliar. Seja bem-vindo, é com
grande alegria que o recebemos.
Também
anuncio a presença, com muita alegria, dos Vereadores da cidade de Bento
Gonçalves, Antônio Camerini, do Partido Democrático Trabalhista; Valdecir
Rubbo, do Partido Democrático Trabalhista e Rivelino Soares da Silva, do
Partido Liberal. Também sejam bem-vindos. É com grande satisfação que os
acolhemos.
Encontra-se
também entre nós a querida amiga Vera Lia Cavalheiro, Presidente da Associação
Portoalegrense de Cidadãs.
O
Ver. João Antonio Dib está com a palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, meu caro
Amarildo Pedro Cenci, Coordenador de Comunicação Social do Sindicato dos
Professores. D. Pedro II dizia que se não fosse Imperador, ele queria ser
professor. Na realidade, se ele vivesse o momento que têm vivido todos os
professores brasileiros, quer na área privada ou na área pública, eu acho que
ele iria pensar duas vezes antes de fazer essa afirmativa. Eu já tenho bastante
tempo de vida e lembro do prestígio que tinham os professores lá em Caxias do
Sul. Acho que agora os professores passam é muito trabalho. Não se deram conta,
os responsáveis pela educação no País todo, da importância e da necessidade
indispensável que temos de uma educação cada vez mais aprimorada. E não se pode
fazer educação com professor preocupado com a sua sobrevivência e de sua
família ao fim de cada mês. Como foi bem expressado aqui, cerca de quinhentos
mil alunos nas escolas particulares, em mais de mil estabelecimentos trabalham
neste Estado, procurando dar ao aluno o melhor de si. E os professores
procurando uma solução para um problema que, absolutamente grave e sério, é a
subsistência própria e da família.
Portanto,
a minha Bancada, Ver. Pedro Américo Leal, Beto Moesch, João Carlos Nedel
desejam que chegue a bom termo as negociações, e que o Estado e todos aqueles
que têm responsabilidade pela educação saibam que a primeira coisa para um povo
é a educação. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, quero saudar o Sr.
Amarildo Pedro Cenci, Coordenador da Secretaria de Comunicação Social, e o faço
em meu nome e da Liderança do Partido nesta Casa, Ver. Luiz Braz, que nos pede
que diga a V.S.ª que a sua vinda a esta Casa há de frutificar. E que aqui não
haverá de ser encontrados surdos incapazes de atentar para realidade descrita
por V.S.ª quando do seu pronunciamento, não podendo ser desconhecido desse
Legislativo, caixa de ressonância das mais legítimas reivindicações da
comunidade de Porto Alegre e conseqüentemente da comunidade do Rio Grande.
Certamente os discursos inflamados em prol da educação serão repetidos nos
próximos seis meses, quando do embate eleitoral envolvendo brasileiros de Sul a
Norte na disputa da Presidência da República, dos Governos estaduais, de
lugares no Senado da República, Câmara dos Deputados e Assembléias
Legislativas. Mais do que discurso, hoje estamos precisando de demonstração de
vontade política e de reconhecimento expresso da importância da atividade
desenvolvida por seus colegas. Eu me lembro que ainda jovem pertencia a uma
entidade estudantil, a qual eu tive o privilégio de presidi-la, a União
Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre e tinha como máxima de
atuação a expressão de que só a educação poderia ensejar a compreensão e a
tolerância entre os povos.
Hoje,
neste mundo de tumulto, de combates de intransigências e intolerância, se aviva
na minha perspectiva esse lema e me autoriza a enfatizar em nome do meu
Partido, o qual represento, com orgulho, nesta hora, o nosso compromisso de não
só darmos conseqüência prática a esse período desta nossa Sessão Ordinária
aberta à audiência popular, mas também nos comprometer com aquelas
reivindicações que o senhor teve oportunidade de expressar da tribuna e com as
quais concordamos inteiramente, por conseguinte, as subscrevemos e nos comprometemos.
Volte sempre, seja sempre bem-vindo, aqui, o senhor e a sua categoria. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Ervino Besson está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. ERVINO BESSON: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Srs.
Vereadores, Sr.as Vereadoras, Sr. Amarildo Pedro Cenci, Coordenador
da Secretaria de Comunicação Social, quero dizer, em meu nome, em nome da minha
Bancada: Ver. Isaac Ainhorn, Ver. Nereu D’Avila, Ver. Humberto Goulart, João
Bosco Vaz e nosso ilustre Presidente, Ver. José Fortunati, que estamos juntos
nesta luta, porque o PDT é um partido que sempre defendeu, em sua história, a
educação. V. S.ª sabe muito bem o que representa um povo educado e foi muito
feliz com os dados que trouxe hoje aqui. Eu chamo a atenção desta Casa, porque
V.S.ª representa nada mais, nada menos do que 1020 estabelecimentos de ensino e
aproximadamente quatrocentos e cinqüenta mil alunos, para que reflita sobre seu
pronunciamento, para que juntos, - como já disse a V. S.ª o PDT é um partido
que sempre se preocupou com a educação neste País -, se quisermos ter dias
melhores amanhã, temos de investir em nossos educadores.
Portanto,
V. S.ª pode contar com a nossa Bancada nesta Casa. Parabéns e transmita o nosso
abraço a toda a sua equipe. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. RAUL CARRION: Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Vereadores,
em primeiro lugar, a nossa saudação ao companheiro de longa data e muitas
lutas, Amarildo Pedro Cenci, do SINPRO, que representa cerca de vinte e seis
mil professores no Estado do Rio Grande do Sul, e deixar da nossa parte a
solidariedade do Partido Comunista do Brasil a esta luta tão justa.
Sabemos
que os estabelecimentos de ensino privado, nos últimos seis anos tiveram
reajustes 30%, aproximadamente, acima da inflação, portanto tem, como se diz,
aquela gordura para dar o reajuste adequado para esta categoria tão
sacrificada. Entendemos que o conjunto dos trabalhadores, incluindo os
professores, vivem uma situação extremamente grave, por um lado, estão
ameaçados todos os seus direitos através da liquidação da CLT, prevista em um
projeto do Governo Fernando Henrique. Em segundo lugar, os próprios jornais
hoje falam de que a década de 90, foi uma década onde o salário mínimo teve uma
perda de 35%. Perda que se expandiu para outros setores, como a indústria 17%,
comércio 24%, serviço 13% e tudo isso, apesar da reestruturação produtiva
possibilitou grandes ganhos de produtividade, só que esses incrementos de
produtividade estão indo somente para o capital, e os trabalhadores amargando
também, picos de desemprego e salários extremamente arrojados.
Por
isto é justa a luta do seu Sindicato e a nossa Bancada está à disposição,
inclusive de forma ativa para todas as mobilizações que a entidade de V. S.ª
realizar, lá estaremos se assim formos convidados. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Paulo Brum está com a palavra nos
termos do art. 206 do Regimento.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente e Srs. Vereadores quero
saudar o Sr. Amarildo Pedro Cenci, que é o Coordenador da Secretaria de
Comunicação Social do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul.
Receba a nossa solidariedade em nome do Partido do PSDB, em nome do meu Líder,
do Ver. Antonio Hohlfeldt, que além de Vereador é Professor também, quero dizer
a V. S.ª que todo esse material que estou recebendo neste instante, uma farta
documentação, eu irei repassar ao Ver. Antonio Hohlfeldt, que se estivesse
presente ele iria, sem sombra de dúvida, fazer esta manifestação em nome do
nosso Partido, PSDB.
Portanto,
receba a nossa solidariedade, o nosso abraço, e estamos juntos nesta luta que
V. S.ª tão bem representa, neste momento, aqui nesta Casa. Parabéns, e siga em
frente. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra nos termos do art. 206 do Regimento.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, José
Fortunati; Prof. Amarildo Pedro Cenci, Coordenador da Secretaria de Comunicação
Social, a mais nobre das missões que é ensinar e educar deveria ter um tratamento
diferenciado de todos os governos há muito tempo. Parece-me o mesmo problema da
reforma agrária, a minha avó já falava que a professora dela ganhava muito
pouco. É aquele assunto que se arrasta através do tempo, perde-se por meio dos
discursos, e de uma categoria tão importante - eu acho que a mais importante -,
aquela que ensina, que educa os nossos filhos, que faz deles homens ou mulheres
de grande brilhatura e de educação. Essa classe, exatamente essa classe, tem
que enviar o Prof. Amarildo Cenci a uma Câmara Municipal, amanhã numa
Assembléia, num Congresso para reivindicar coisas de uma classe, que não
precisavam ser pedidas. O salário miserável que os professores recebem é uma
vergonha para a sociedade e para aquelas pessoas que foram eleitas para defender
essa classe tão nobre, que é a classe dos professores.
Conte
com o apoio do Partido Humanista da Solidariedade, sempre! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Queremos, em nome desta Casa, agradecer
a presença do Sr. Amarildo Pedro Cenci, Coordenador da Secretaria de
Comunicação Social; do Sindicato dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul
– SINPRO/RS.
Suspendemos
os trabalhos por alguns minutos para as despedidas.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h52min.)
(05 oradores/05 minutos/com aparte)
1ª SESSÃO
PROC.
4664/01 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 298/01, de autoria do Ver. João Carlos Nedel, que denomina Rua Bem-te-vi um logradouro
público cadastrado, localizado no Bairro Jardim Carvalho.
PROC.
1111/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 043/02, de autoria do Ver. Aldacir Oliboni, que institui a Semana Educativa para
Conscientização e Combate à Obesidade no Município de Porto Alegre e dá outras
providências.
PROC.
1119/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 047/02, de autoria do Ver. João Bosco Vaz, que concede o título honorífico de Cidadão de
Porto Alegre ao Senhor João Lauro Gomes Noguez.
PROC.
1138/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 048/02, de autoria da Ver.ª Maria Celeste, que
denomina Rua Geraldina Batista um logradouro não-cadastrado, localizado no
Bairro Rubem Berta.
2ª SESSÃO
PROC.
4538/01 - SUBSTITUTIVO N.º 01, que
dispõe sobre a comercialização de produtos provenientes de Programas do
Trabalho Educativo para adolescentes e jovens da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre e de instituições inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da
Criança e do Adolescente (CMDCA), ao PROJETO
DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 293/01, ambos
de autoria da Ver.ª Sofia Cavedon.
PROC.
0940/02 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO N.º 033/02, de autoria do Ver. Dr. Goulart, que denomina Rua PM Carina Rodrigues Macedo um
logradouro público cadastrado, localizado no Loteamento Águas Claras.
PROC.
0972/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 020/02, que autoriza a alienação de próprio
municipal localizado na Rua Veador Porto, 689, encravado, fundos do n.º 691,
para Pedro Ernesto Dossena.
3ª SESSÃO
PROC.
0693/02 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO N.º 012/02, que estabelece o Plano de Carreira dos
Funcionários do Departamento Municipal de Previdência dos Servidores Públicos
do Município de Porto Alegre - PREVIMPA; dispõe sobre o Plano de Pagamento, e
dá outras providências.
PROC.
1074/02 - PROJETO DE RESOLUÇÃO N.º 059/02, de autoria do
Ver. João Carlos Nedel, que inclui dispositivos na Resolução n.º 1.178, de 16
de julho de 1992, e alterações posteriores - Regimento da Câmara Municipal de
Porto Alegre. (Comissão Permanente de Fiscalização e Controle)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir a Pauta.
O SR. ADELI SELL: Meu Caro Ver. Carlos Alberto Garcia, na presidência dos trabalhos, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, Senhores e Senhoras, hoje, sem dúvida nenhuma, o Ver. João Antonio Dib não deve se queixar, porque não há tantos novos projetos de lei na Pauta.
Vou
comentar, Ver. João Bosco Vaz, o Projeto de sua autoria que concede o Título
Honorífico de Cidadão de Porto Alegre ao Sr. João Lauro Gomes Noguez, da
Polícia Federal. Quando se dá um título honorífico a uma pessoa, é extremamente
importante discutir a simbologia deste prêmio. E aqui parece-me que há uma
simbologia muito especial, porque esse Delegado contribuiu muito com a Polícia
Federal aqui no Estado. Inclusive, por várias vezes, Ver. Pedro Américo Leal,
tive que buscar guarida na Polícia Federal, e sempre tive o apoio do Delegado
Lauro Noguez, porque nós, aqui em Porto Alegre, infelizmente, como no resto do
País, temos que enfrentar o mundo das ilegalidades. Nós vemos que, em plena Av.
Salgado Filho, se trafica drogas. Nós vemos, na Praça Glênio Peres, crianças
sendo induzidas à utilização de drogas. Quem está por trás disso? Quem está por
trás de tudo isso é o narcotráfico. São grandes esquemas que só podem ser
combatidos a partir da Polícia Federal e de pessoas qualificadas como o Dr.
Lauro Noguez, que dirigiu a nossa Polícia Federal aqui no Estado, fazendo um
forte combate ao mundo das ilegalidades. Esta é uma das razões, Ver. João Bosco
Vaz, que eu venho à tribuna para lhe parabenizar de modo muito especial por
essa lembrança, porque não é um título apenas ao Delegado, mas é um título
também ao trabalho eficaz, à vontade, à determinação e à ousadia de quem não
dobra a espinha diante do mundo das ilegalidades.
Agora
os jornais anunciam que trezentos e quinze Oficiais de Justiça do Estado
comprovadamente receberam propina de um escritório para trabalhar a favor dos
interesses de algumas pessoas. Quantas e quantas pessoas que necessitavam ter a
agilização dos seus processos, entrega e busca, não foram encontradas? Não,
poderiam ter sido encontradas, mas outros interesses se sobrepuseram àqueles.
Portanto,
eu queria deixar aqui o meu registro de apoio total a esse Título Honorífico ao
Delegado Noguez. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
Queremos registrar a
presença, na Câmara Municipal de Porto Alegre, da Escola Estadual Florinda
Tubino Sampaio, com aproximadamente cinqüenta alunos da 6ª série, sob a
orientação das Professoras Denise Oliveira Bernardes e Cristina Cunha Mello.
Queremos parabenizar a Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio. Esta atividade
faz parte do projeto de educação política que o Memorial desenvolve junto a
escolas e entidades da Capital e da Grande Porto Alegre. Queremos ressaltar
também que a Escola Estadual Florinda Tubino Sampaio é uma das escolas que mais
aprova alunos no vestibular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul como
escola pública.
O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores; sejam bem-vindos os alunos que vieram assistir a
nossa Sessão Plenária; público do canal 16. Eu pretendo neste período de
discussão de Pauta fazer uma breve manifestação a respeito do plano de carreira
dos funcionários do Departamento Municipal da Previdência dos Servidores
Públicos do Município de Porto Alegre. Esse assunto tem se prestado, aqui na
discussão da Câmara, para várias manifestações, e eu gostaria de deixar
consignadas as opiniões que lastreiam e sustentam esse Projeto.
Ver.
Pedro Américo Leal, nós discutimos, aqui, o regime próprio da previdência dos
servidores públicos, em que a previdência, que tem como fundamento a pensão por
morte e a aposentadoria, foi deslocada para um fundo no Município, gerido pelos
próprios funcionários eleitos, num processo democrático, de nove gestores desse
Fundo. Lá está esse Fundo com a contribuição que aquela Lei determinou. A Lei
determinava, também, que, até o fim deste ano, viesse o projeto à autarquia.
Ela aqui está e tem-se prestado para alguns debates que, do meu ponto de vista,
não conferem a posição política e técnica do Governo na apresentação do Projeto
original e nos debates que aqui se travaram naquela época.
Nós
estamos criando setenta e cinco cargos de provimento efetivo, vale dizer de
funcionários de carreira; quinze funções gratificadas e quatro cargos em
comissão. O Ver. Sebastião Melo reclamou que não veio o plano de cargos e salários.
O problema está resolvido, porque a Lei remete ao Estatuto dos Cargos e
Salários existente hoje na Prefeitura, evitando que se faça toda uma formulação
quando se quiser fazer qualquer alteração. Mais: a Lei permite que, como diz na
manifestação do Sr. Prefeito, pelo princípio da economicidade, seja prevista a
possibilidade de candidatos aprovados em concursos públicos, realizados ou em
andamento, no âmbito da Administração Centralizada, autárquica e fundacional,
serem nomeados para cargos de provimentos efetivos, ou seja, se enquadrando o
funcionário naquela atividade, qualquer concurso pode possibilitar.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, eu
apenas queria fazer um breve registro e colocar à reflexão de V. Ex.ª a
manifestação que recebi, hoje, da representante do Fórum de Entidades de
Servidores Municipais, que torna pública a sua inconformidade pela forma com
que a Administração Municipal tem encaminhado o processo de discussão do
Projeto relacionado à previdência dos municipários. E diz, por último: (Lê.) “O
Fórum de Entidades está também preocupado com a falta de transparência na
administração do Fundo de Previdência (...) Registramos a falta de boa vontade
política do Governo Municipal para o Conselho Gestor do Fundo”, e outras tantas
doze razões denunciando o Executivo sobretudo pela falta de transparência e
pela discussão que não houve com as entidades e com o Fórum eleito
legitimamente.
Gostaria
de ouvir a opinião de V. Ex.ª sobre essa manifestação do Fórum que envolve o
Projeto que V. Ex.ª debate. Obrigado.
O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. Isaac
Ainhorn, o Fórum tem todo o direito legítimo de se manifestar a respeito disso.
Recebemos, mas temos divergência de mérito, e o Fórum sabe disso, porque o Projeto
aqui enviado repõe os elementos que nós aqui discutimos e sustentamos;
inclusive, vamos aos tribunais para retirar do corpo da Lei... Primeiro caso:
os funcionários acham que a autarquia só pode ser gerida por funcionários, tem
que afastar o Prefeito. O Prefeito é o Chefe do Poder Executivo e, portanto,
como Chefe do Poder Executivo, pode, sim, determinar quem é o seu
diretor-geral, e parte do colégio de administração está a cargo de
funcionários, eleitos diretamente, e parte indicados pelo Prefeito. Este é o
principal problema com o qual não temos concordância, desde que, originalmente,
mandamos para cá o Projeto.
De
resto, o debate todo está colocado e aberto. Não havia necessidade nenhuma de
transparência, porque o Governo não vai transigir sobre a competência –
estou-lhe respondendo, Ver. Isaac Ainhorn -, não vamos abrir mão das
prerrogativas constitucionais de o Prefeito poder gerir, sim, uma autarquia.
Essa é a nossa diferença com os funcionários do Fórum. De resto, respeitamos o
debate, e ele vai ser realizado aqui nesta Casa. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
O próximo inscrito em
Pauta é este Vereador. Passaremos ao próximo inscrito. O Ver. Reginaldo Pujol
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. Reginaldo Pujol, futuro Presidente desta Casa, com certeza, eu
trabalhava em cima da manifestação de um projeto que está em debate na Pauta
que trata da previdência dos municipários, e recebi uma missiva do Fórum das
Entidades dos Servidores Municipais denunciando uma série de práticas pouco
transparentes da administração petista da Capital, até hoje gerida, ainda, pelo
Sr. Tarso Genro. O nobre Ver. Estilac Xavier afirmou que o Fórum não queria
vinculação, como autarquia, ao Prefeito. Vou ler, para ficar claro, o que o
Fórum entende: (Lê.) “Este Fórum tem discutido o fato de não concordar com o
art. 2.º do Projeto de Lei Complementar (...) o qual pretende a vinculação do
PREVIMPA à Secretaria da Administração. Entendemos que, em se tratando de uma
autarquia, esta deve ser uma entidade com autonomia administrativa, vinculada
politicamente ao Sr. Prefeito e seus órgãos fiscalizadores”, não à Secretaria
da Administração.
O SR. REGINALDO PUJOL: Agradeço a V. Ex.ª e antecipo os
comentários que eu iria fazer sobre a manifestação que eu também recebi, por
ofício, da representante do Fórum das Entidades, Sr.ª Rejane Assis Bicca, que é
uma daquelas senhoras que compunha o grupo de pessoas que pugnaram pela
constituição da autarquia e que sabem perfeitamente bem que este Vereador
alertou, em inúmeras oportunidades, sobre os riscos que nós tínhamos em optar por
esse tipo de solução. Tamanho era o risco, que nós só nos dobramos e
concordamos, num consenso amplo que se fez aqui na Casa, de votar
favoravelmente à constituição da autarquia, condicionando ao referendo que
deveria já ter sido realizado aqui na cidade de Porto Alegre e que,
infelizmente, não o foi.
A
Sr.ª Rejane tem absoluta razão quando fala a respeito do que é uma autarquia.
Não há como se vincular uma autarquia a um órgão da administração centralizada,
na medida em que uma autarquia é, por sua natureza, um órgão da administração
indireta, com autonomia contábil, administrativa e financeira. E essa
autarquia, nos moldes que foi imaginada pela categoria e por aqueles que se
batiam pela sua constituição, seria uma autarquia muito especial, e as limitações
nela da presença do Executivo seriam poucas, pelas circunstâncias de terem os
seus dirigentes poderes especiais decorrentes da Lei que foi aprovada aqui
nesta Casa.
Eu
sempre alertei sobre o risco que isso significava. E o Projeto que hoje aqui
tramita, lamentavelmente confirma as minhas suspeitas, porque, em última
análise, pretende aquilo que é o sonho de todo governante: meter a mão no
dinheiro da autarquia antes de ela ser constituída. Isso - eu quero até fazer
justiça - não é um problema específico do Governo do PT, os governos são assim.
Os governos são assim. E quando nós afirmávamos que não conhecíamos exemplo de
autarquia previdenciária neste País que estivesse dando certo, ninguém nos dava
ouvidos naquela ocasião.
A
idéia de fazer um sistema autárquico, independente e, sobretudo, administrado
pelos servidores, é magnífica, Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª o acalentou por
muito tempo. Na prática, esbarramos com essas realidades que já começamos a
enfrentar. Então, eu já vim duas ou três vezes à tribuna discutir este assunto
- a todo momento o pego por um lado diferente - e quero acautelar os servidores
do Município, especialmente aqueles a quem eu disse, várias vezes, “não”,
quando vinham me procurar com a idéia de constituir uma autarquia, e eu sustentava
que não deveria ser essa a solução, que nós tínhamos outros caminhos para
palmilhar. Infelizmente, não os palmilhamos.
Então,
eu quero, para essas pessoas com as quais eu tive esse diálogo sincero,
transparente, na oportunidade, eu quero renovar a posição. O mal que já está
feito eu não vou deixar que aumente. Vou me bater aqui com a mesma firmeza que
me bati, anteriormente, para evitar que essas coisas ocorram. Esse Projeto do
jeito que está - eu já ouvi isso do Ver. João Antonio Dib, não vou ser original
nisso -, do jeito que está, não vai passar aqui nesta Casa. E para passar vai
ter de melhorar muito, porque senão não vão levar de jeito nenhum. Nós não
vamos permitir que os ideais dos servidores municipais, muito bem defendidos
aqui nesta Casa por vários Vereadores, inclusive pelo Ver. João Antonio Dib, de
forma muito especial, seja absolutamente fraudado e frustrado. Não passará esse
Projeto do jeito que está, e para passar vai ter de melhorar muito. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia):
O Ver. Nereu D’Avila
está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. NEREU D’AVILA: Sr. Presidente, Ver. Carlos Alberto
Garcia, Srs. Vereadores e Sr.as Vereadoras, estamos em Pauta, e eu
quero chamar atenção da Casa para um Projeto da Ver.ª Sofia Cavedon que é uma
preciosidade de incongruências e de situações. O mérito, teoricamente, é até
plausível. Não é questão de mérito.
A
Ver.ª Sofia Cavedon apresenta um projeto que dispõe sobre a comercialização de
produtos provenientes de Programas do Trabalho Educativo para adolescentes e
jovens, coordenados pelo Executivo Municipal, ou inscritos no Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Eu
quero, em primeiro lugar, chamar a atenção dos Srs. Vereadores de que o Projeto
é político. Ela quer fortalecer o Conselho Municipal dos Direitos das Crianças.
Ou seja, ela quer faturar com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do
Adolescente. Porque o Projeto é uma brincadeira de incongruência, até de
hipocrisia. Diz assim: “Fica instituído que todos os eventos culturais,
econômicos, comerciais e turísticos de Porto Alegre, organizados pela
Prefeitura Municipal de Porto Alegre – a qual ela pertence, que eu saiba ela é
do PT – ou em parceira com ela, a Prefeitura, terão assegurados espaços para
comercialização de produtos provenientes de programas de trabalho educativo
para adolescentes e jovens coordenados pela Prefeitura de Porto Alegre e
instituições inscritas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança”. É a
Prefeitura versus Prefeitura, e pega o Conselho Municipal. E segue: “O espaço
destinado à comercialização dos produtos e eventos será definido por comissão
paritária entre a Prefeitura e o Conselho Municipal”. Ora, a própria
Procuradora, que cita o jurista Ely Lopes Meirelles, indiscutido jurista, diz
que isso aqui é matéria de regulamento. Então, ela, que é da Prefeitura, em vez
de ir lá e pedir que seja feito isso - e tem que ter prestígio para isso, ela
fez dez mil votos -, não, ela quer nos usar para fortalecer o Conselho
Municipal dos Direitos da Criança e juntar todos os órgãos pertinentes à
criança que são criados pela Prefeitura, que já tinha que estar
institucionalmente prestigiando.
Ela
quer, primeiro, criar uma lei para a Prefeitura fazer o que já tinha de ter
feito, e depois, prestigiar e fortalecer o Conselho Municipal dos Direitos da
Criança, para que a Prefeitura versus Conselho façam tudo! É o que falamos,
ontem, Vereadores da oposição, é querer usar os nossos vinte e um votos para
aprovar fortalecimentos. Só que nós, às vezes, ingenuamente, não verificamos.
Só que eu fui ver do que se trata, é faturar nas nossas costas em cima do órgão
que é deles. Eles que vão pedir! Eu não vou em Prefeitura nenhuma; nunca fui
pedir favor para Tarso Genro nenhum.
Agora,
soube que o ex-Vereador João Verle está chamando os Líderes aqui, com o Ver.
Marcelo Danéris como Líder – justamente o pacífico Ver. Marcelo Danéris –
afirmando que agora vai melhorar o relacionamento, porque o Sr. João Verle –
com um astral magnífico, o mais bem-humorado da Cidade – vai mudar o
relacionamento com a Câmara. É brincadeira!
Agora,
com o novo Líder, até em desprestígio ao Líder anterior - e nisso é que eu
discordo dele, que é muito vivo e muito ligeiro, mas é competente, mas pelo
menos não é explosivo. Então, com o Líder novo e com o bem-humorado João Verle
é evidente que as relações vão melhorar muito.
Não
vamos servir, a oposição não vai servir para prestigiar politicamente uma
Vereadora, por mais respeitável que seja - e eu adoro a Vereadora, mas não
vamos ser instrumentos políticos para prestígio de ninguém aqui. A Sr.ª
Vereadora que me perdoe, mas a oposição tem muito mais coisa proveniente e
responsável para fazer do que brincar de fazer lei.
Isso
aqui é matéria regulamentar, e ela, em cima dos dez mil votos que a população
lhe deu, que vá à Prefeitura e exija que a Prefeitura regulamente por lá. Não
nos use aqui como instrumentos políticos a seu favor. Muito obrigado.
(Revisto
pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Carlos Alberto Garcia): Queremos comunicar que o Ver. Beto
Moesch, nesta data, está em representação da Câmara, participando da reunião
junto ao Comitê de Gerenciamento do lago Guaíba.
O
Ver. João Carlos Nedel está com a palavra para discutir a Pauta. Ausente. O Ver.
Ervino Besson está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. O Ver. João
Antonio Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, vejo
que a nobre Ver.ª Sofia Cavedon deseja um aparte antes que eu fale. Dá-lo-ei.
A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Agradeço muito, e o assunto é a Pauta. Estou impactada com a
desqualificação e com o nível com que o Ver. Nereu D’Avila tratou o Projeto de
Lei que diz respeito ao Conselho Municipal da Criança e do Adolescente, que não
é do PT, é da sociedade civil, e diz respeito a critérios e abertura de espaços
em feiras e eventos para a comercialização de produtos de jovens que a
sociedade civil atende e que têm parceria com a Prefeitura. Não se fazem leis
aqui para a Prefeitura do PT, e sim para prefeituras em geral, gerenciadas por
diferentes partidos. Muito obrigada.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Satisfeita a preocupação de V. Ex.ª, vou
fazer análise dos Projetos em Pauta.
Esse
Projeto do PREVIMPA, que cria o Plano de Carreira dos Funcionários, sinto-me
perfeitamente à vontade em fazer a crítica do mesmo, porque eu acho que eu
tenho condições morais para tanto; para ter condições morais é preciso não
apenas reclamar. Esse Projeto foi feito sem que os funcionários da Prefeitura,
os servidores municipais fossem consultados. Eu disse que tenho autoridade
moral, porque o Plano de Carreira dos Servidores Municipais, no tempo em que eu
fui Prefeito, assim como o Estatuto, foi feito a partir dos servidores
municipais. A mesma coisa que eu quero para o Regimento desta Casa: que os
detentores de cargos da direção legislativa, mais os Vereadores façam um bom
Regimento. Foi o que aconteceu, a Câmara, os servidores e o secretariado
fizeram um belo estatuto que até hoje está vigendo, com algumas alterações que
o Prefeito - que não assumiu a Prefeitura, não chegou a assumir e já vai saindo
- mandou para cá, sem auscultar aqueles que têm a obrigação de gerir o fundo o
Departamento Municipal de Previdência dos Servidores do PREVIMPA. Ele não
consultou, e, se não consultou, ele não deveria ter mandado, porque se tivesse
consultado, também ele não mandaria o Projeto que mandou criando autarquia, que
deve ser dirigida única e exclusivamente pelos servidores, e que não podem ser
demitidos, ou admitidos à vontade do Prefeito. Não, os servidores devem dirigir
a autarquia, foi isso que nós aprovamos aqui, e isso que ele teria que fazer,
porque agora não vai mais fazer - graças a Deus, ele não assumiu, não fez nada
de bom, e já vai embora.
O
Prefeito Tarso Genro também mandou, numa das suas passagens pela
municipalidade, um projeto de lei para alienar um terreno. Confesso que eu não
quero fazer uma crítica dura em respeito ao mesmo, porque eu vejo aqui uma área
de formato retangular, com 1015m2, e eu sei que é uma área encravada
- não estou dizendo o contrário, eu li aqui, vou ter que examinar plantas, vou
ter que examinar melhor.
Ele está
pedindo autorização para vender ao único interessado, que é lindeiro. Oitenta e
três mil reais, oitenta reais o m2, não sei se esse é o preço, eu
confesso que vou ficar em dúvida, e não tive em mãos ainda o Processo completo;
imagino que tenha vindo completo esta vez, com o que precedeu o Projeto de Lei,
para que enviasse a esta Casa, querendo vender uma área bastante razoável por
83 mil reais, valor de abril do ano passado, portanto, de um ano atrás, mas não
deve ter sido muito mais do que isso hoje, e para ser parcelado em doze vezes,
buscando a autorização desta Casa.
Portanto,
que o novo Prefeito que deve assumir amanhã considere que esses Projetos que
foram mandados em matéria de previdência estão completamente equivocados e
assim eles não passarão por aqui, como eu já havia dito e provado em
pronunciamento anterior. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Sr.as e Srs. Vereadores,
solicito especial atenção, pois acabamos de receber das mãos do
Procurador-Geral do Município, Dr. Rogério Favreto, correspondência do Sr.
Prefeito Tarso Genro – Ofício nº 261/02 -, cuja leitura passarei a fazer:
“Gabinete
do Prefeito, 3 de abril de 2002.
Sr.
Presidente:
Pelo
presente comunico a V. Ex.ª a minha renúncia ao cargo de Chefe do Executivo
Municipal para o qual fui eleito para gestão 2001/2004, a partir das 12h do dia
4 de abril de 2002, com fundamento no art. 14, §6.º, da Constituição Federal,
considerando que a prévia estadual interna do Partido dos Trabalhadores, PT,
ocorrida no último dia 17 de março, escolheu-me para concorrer no próximo
pleito eleitoral, como candidato a Governador do Estado do Rio Grande do Sul.
Saliento
que se faz necessário este ato para atender ao dispositivo constitucional,
introduzido pela Emenda Constitucional n.º 16/97, consubstanciado no art. 14, §
6.º, que prevê como uma das condições da elegibilidade a obrigatória renúncia
ao mandato até seis meses antes do pleito eleitoral.
Por
conseguinte, compete a esse Poder Legislativo os procedimentos normais para
sucessão da Chefia do Executivo, conforme dispõe o art. 57, inc. I, c/c o art.
91, ambos da Lei Orgânica Municipal.
Aproveito
o ensejo para renovar os agradecimentos pela relação institucional harmoniosa
mantida com essa Casa Legislativa, remetendo cordiais saudações.
Tarso Genro, Prefeito Municipal
de Porto Alegre.”
Em
função do recebimento deste documento de renúncia do cargo de Prefeito
apresentado pelo Sr. Tarso Genro, e com base nos art. 57, inc. I da Lei
Orgânica do Município, e 188 inc. I e § 1.º do Regimento deste Legislativo,
convocamos os Srs. Vereadores para a Sessão Solene de posse do Sr. João Verle
no cargo de Prefeito Municipal de Porto Alegre, às 14h30min do dia 4 de abril
do ano em curso. Então, estou convocando os Srs. e Sr.as Vereadoras,
para que possamos amanhã, a partir das 14h30min darmos posse ao novo Prefeito
da Cidade de Porto Alegre, Sr. João Verle, que assume o cargo de Prefeito
Municipal. Também para dirimir dúvidas - e faço este esclarecimento porque
alguns Vereadores têm levantado questões referentes à realização desta Sessão
Solene do dia de amanhã -, devo dizer que esta Presidência adotou todas as
cautelas legais e regimentais no sentido de buscar amparo para que a Sessão
Solene do dia de amanhã fosse realizada.
Tanto
a jurisprudência jurídica quanto a legislativa impõem que façamos a posse
formal do Sr. Prefeito que assumirá no dia de amanhã.
Só
para recordar, esta Casa tem um precedente, precedente único na história da
cidade de Porto Alegre, quando, em janeiro em 1955, renunciou ao cargo de
Prefeito, o então Prefeito Municipal de Porto Alegre, Sr. Ildo Meneguetti, que
havia assumido seu cargo em 1952. Na verdade, logo após, levando-se em
consideração a renúncia do Prefeito Ildo Meneguetti esta Casa, a Câmara
Municipal Porto Alegre, em Sessão Solene, deu posse ao Vice-Prefeito da Cidade
de Porto Alegre, no dia 31 de janeiro de 1955 ao então Dr. Vice-Prefeito Manoel
Antonio Sarmanho Vargas.
Também
quero aqui lembrar duas situações das quais tive oportunidade de participar
ativamente. A primeira delas, quando o então Governador Pedro Simon renunciou
ao cargo de Governador do Estado do Rio Grande do Sul, tive a oportunidade de
ser, naquele período, Deputado Estadual, e o Dr. Pedro Simon renunciou ao cargo
para concorrer ao cargo de Senador da República. Imediatamente após esse fato,
assumiu, em ato solene, realizado no plenário da Assembléia Legislativa do
Estado, o Dr. Synval Guazzelli. O terceiro fato, do qual também tive a
oportunidade de participar enquanto Deputado Federal, foi com a posse do
Vice-Presidente da República, Dr. Itamar Franco.
Todos
sabemos que este País viveu uma época acalorada, uma época importante, uma
época complexa que resultou no impeachment
do então Presidente Fernando Collor de Mello. Impeachment realizado, aprovado pela maioria do Congresso Nacional,
atos seguintes, o Congresso Nacional, também em Sessão Solene, deu posse ao
então Vice-Presidente da República, que passou a ser o Presidente da República
Federativa do Brasil, o Dr. Itamar Franco.
Com
esses três exemplos - e poderia aqui enumerar outros, um deles vivido por esta
Casa, outros dois por mim, sendo partícipe direto dos dois fatos -, nós
buscamos na doutrina, na jurisprudência e na vida legislativa, que,
efetivamente, cabe a esta Casa, sim, dar posse em uma Sessão especial Solene ao
novo Prefeito da cidade de Porto Alegre.
Por
isso, declaro que a partir das 12h do dia de amanhã teremos uma vacância de
cargo na Prefeitura Municipal de Porto Alegre, assumindo, naturalmente, como
Prefeito em exercício, o Dr. João Verle; mas para que o Prefeito em exercício
João Verle se transforme em Prefeito de direito e de fato da cidade de Porto
Alegre, é necessário que esta Casa realize essa Sessão Solene.
Por
isso, estou convocando todas as Sr.as Vereadoras e todos os Srs.
Vereadores para que amanhã, às 14h30min, realizemos essa Sessão Solene de posse
do novo Prefeito da cidade de Porto Alegre, Sr. João Verle. Obrigado, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores.
Solicito
à Diretoria Legislativa que distribua cópia da correspondência enviada a esta
Casa pelo Sr. Prefeito Municipal Tarso Genro, bem como do ato convocatório da
Sessão Solene do dia de amanhã.
O
Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, este é
um momento que marca uma situação histórica singular da vida política da cidade
de Porto Alegre. Há pouco assistimos ao Presidente desta Casa, Ver. José
Fortunati, dando as justificativas legais, jurídicas, as necessárias
fundamentações da Sessão Solene de posse do Sr. João Verle como Prefeito da
cidade de Porto Alegre em face da leitura do texto de renúncia ao mandato do
Sr. Tarso Fernando Herz Genro à Prefeitura de Porto Alegre. E na fundamentação
trouxe com muita base, com muita propriedade três precedentes históricos: um no
patamar municipal, outro no patamar estadual e outro no patamar federal. Mas
vou-me ater aos patamares no âmbito do município e no âmbito do Estado. O Sr.
Ildo Meneghetti, figura que pertence à galeria da história do Estado do Rio
Grande do Sul, apesar das divergências políticas e das críticas ao enfoque que
conduziu em função da nossa posição política - temos que reconhecer um homem
público de escol neste Estado - renunciou ao mandato, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, no último ano do seu mandato de Governador do Estado para concorrer
ao Senado. Vejam V. Ex.as, nem o Governador Pedro Simon nem o
Engenheiro Ildo Meneghetti, então Prefeito da cidade de Porto Alegre, assumiram
um compromisso público perante os seus eleitores, como fez o candidato Tarso
Genro, de cumprir os quatro anos de mandato que o povo lhe outorgaria, caso
fosse eleito, compromisso assumido nos debates havidos na televisão e nas
rádios da nossa Cidade. Esta é a diferença: Ildo Meneghetti e Pedro Simon
cumpriram, praticamente, os seus mandatos. O Prefeito, o ainda Prefeito de
Porto Alegre, se somarmos os tempos de licença para algumas viagens, algumas
até - vamos reconhecer - de interesse da Cidade, ao tempo em que esteve em
campanha para as prévias do PT para o Governo do Estado, não administrou a
Cidade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, por um quarto do seu mandato. Será
que Porto Alegre serviu apenas, Ver. Haroldo de Souza, como trampolim político
às aspirações pessoais de concorrer ao Governo do Estado? Será que foi somente
isso? Serviu a Prefeitura, essa extraordinária investidura, de trampolim
político para ele concorrer ao Governo do Estado do Rio Grande do Sul? Esse é o
questionamento que deixamos à reflexão de todos os Vereadores desta Casa. Não
cumpriu 25% do seu mandato! Os outros renunciantes aqui mencionados - o
Engenheiro Ildo Meneghetti e o Senador Pedro Simon -, quando renunciaram,
renunciaram após cumprir mais de três anos do seu mandato.
Nada
contra o Prefeito que assume, o Vice-Prefeito, embora o povo de Porto Alegre
não o tenha elegido para Prefeito e sim para Vice-Prefeito. Mas o mandamento
constitucional é claro: em caso de vacância, renúncia e outros casos previstos
em lei, assume o Vice-Prefeito. E esta Casa vai, amanhã, em Sessão Solene,
cumprindo a Constituição e as leis da Cidade, dar posse ao Sr. João Verle como
Prefeito de Porto Alegre. De outro lado, lamentamos essa postura que desapontou
a Cidade de Porto Alegre e seus cidadãos. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
assisti à manifestação do Presidente da Casa, convidando, convocando, melhor
dito, os Vereadores para uma Sessão Solene amanhã, com vista a se dar posse ao
Vice-Prefeito, que assume definitivamente a Prefeitura em face da renúncia do
titular.
Eu,
evidentemente, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, não vou oferecer nenhuma
resistência formal, nenhuma tentativa impeditiva de que se faça a Sessão, até
porque, até certo ponto, ela tem o caráter de publicização, quando o Prefeito
virá à Câmara assumir para ficar definitivamente na Prefeitura. Eu já
manifestei o meu ponto de vista: acho que nós temos que alterar a Lei Orgânica,
e vou dizer por quê. Eu acho que há disposições colidentes, embora os
antecedentes em nível municipal em Porto Alegre, antecedentes estaduais,
federais; inclusive, há toda uma série de antecedentes. Eu não conheço decisão
judicial sobre a matéria, mas antecedentes administrativos, todos já referidos
pelo Presidente e do conhecimento de todos. Vejam que diz o art. 90 da Lei
Orgânica: “O Prefeito e Vice-Prefeito tomarão posse em Sessão da Câmara
Municipal de Porto Alegre.” O que aconteceu no ano passado? O Prefeito
Municipal e o Vice-Prefeito, perante a Câmara Municipal de Porto Alegre,
tomaram posse, ambos. Evidentemente, o titular, ora renunciante, e o Vice, que
deverá assumir, ambos tomaram posse. Então, houve um ato político, jurídico que
os empossou nas respectivas funções. O art. 91 diz textualmente: “Substituirá o
Prefeito no caso de impedimento e suceder-lhe-á na vaga o Vice-Prefeito.” Aqui
há uma normatização para proceder-se à sucessão. É o caso de sucessão, face à
renúncia. Pois bem, se há a sucessão, o Vice já está investido. Já há um ato
que o investiu e que lhe deu posse, correspondendo apenas assumir. A meu juízo,
bastaria um ato, do ponto de vista administrativo – junto à Administração,
junto ao Paço Municipal -, e a vinda do Vice à Casa, dizendo: “Acabo de
suceder, definitivamente, o Prefeito Municipal e estou aqui.” Mas não o ato que
se pretende fazer amanhã, pois, na minha opinião, já está empossado o
Vice-Prefeito.
É
tão verdade, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que, quando o Vice-Prefeito –
vejam bem! – assumiu temporariamente o cargo de Prefeito, ele não veio à Câmara
tomar posse. O Vice-Prefeito, nos impedimentos temporários, não veio aqui tomar
posse para, conseqüentemente, se investir, embora provisoriamente - é bom que
se diga “embora provisoriamente” -, no cargo de Prefeito.
Então,
falta simetria a essa disposição do preceito da Lei Orgânica que é o art. 91.
Se fosse necessário – vejam bem! –, para suceder, que o Prefeito viesse tomar
posse, por igual seria necessário que ele também viesse para tomar posse, para
substituir, evidentemente, aí, com o caráter de temporariedade.
Então,
fica aqui apenas uma opinião; não quero aqui, de forma nenhuma, formalizar
nenhum pedido de qualquer ordem, mas apenas externar o meu ponto de vista. Eu
entendo que aquele ato de posse feito ao Vice-Prefeito lá no início tem
eficácia para mim; ele tomou posse como Vice-Prefeito, foi um ato válido, como
válido evidentemente foi o ato do Prefeito. Agora, o processo de vir à Casa tem
aspectos positivos do ponto de vista da sua visualização, da comunicação à
Casa, trata-se até de um ato cavalheiresco. Mas quero apenas deixar o
entendimento de que, ao meu juízo, precisamos mudar esse dispositivo da Lei
Orgânica no que toca à sucessão e não à substituição. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Raul Carrion está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. RAUL CARRION: Ex.mo Presidente José
Fortunati, demais Vereadores e Vereadoras, todos os que nos assistem aqui e em
suas casas. Em primeiro lugar, parabenizo o Sr. Presidente pela decisão correta
e altaneira ao comunicar a todos os pares sobre o ato de amanhã, às 14h30min,
quando o novo Prefeito, João Verle, substituirá o atual Prefeito, Tarso Genro.
No
dia de hoje, queríamos trazer alguns assuntos importantes de interesse da
Cidade. Faço primeiro o relato sobre a ida da nossa Comissão, presidida pela
Ver.ª Maristela Maffei, na tarde de ontem, à área na Vila Nova onde estão sendo
assentadas as setecentas e dezesseis famílias que estavam na Vila Campos de
Cristal, Estaleiro Só e Foz do Cavalhada, famílias que viviam em situação
extremamente precária. Com o projeto do Shopping Cristal, através de uma grande
negociação comandada pela Prefeitura, a empresa que vai construir o Shopping
Cristal, que desejava uma parte da área do Município para essa construção,
concordasse em fabricar setecentos e dezesseis habitações para colocar essas
famílias. Quatrocentas já se encontravam lá e, nesse momento, acabam de ser
deslocadas mais setenta e duas famílias. Visitamos o local, moradias dignas,
simples, mas que, realmente, para quem conhecia a situação em que viviam essas
famílias, é algo importante e que dignifica o trabalho do Município.
Na
verdade, a nossa ida até o local relaciona-se com o fato de que, pela demora de
cinco anos na execução dos projetos, da previsão de cento e vinte e oito
famílias para deslocamento, surgiram sete novas famílias. São filhos que se
casaram, que constituíram famílias e que pleiteiam irem para a área junto com
seus familiares. Está havendo uma dificuldade por parte da Multiplan e do
próprio Município em ver como equacionar o problema. Então, foi-nos solicitada
uma reunião, e nós solicitamos à nossa Presidenta. A reunião se realizou na
terça-feira passada, e ontem lá estivemos. Parece-me que é possível uma
solução, porque a outra alternativa que a Prefeitura apresenta seriam essas
sete famílias irem para uma área na Lomba do Pinheiro, junto com outras
quarenta e poucas famílias que adentraram depois do acordo. Ocorre que é
importante tentar manter essas famílias na própria Vila Nova para não as
afastar de seus familiares. E há uma sobra de terras, como a Ver.ª Maristela
Maffei pôde conosco constatar, porque das cento e vinte e oito famílias que
iriam, na verdade só foram setenta e duas. Então, há uma sobra de área. Claro
que há problemas que teremos que equacionar, mas esse é o trabalho da Comissão.
Se não houvesse problemas não precisariam da Comissão. Quais são esses problemas?
Nós não criarmos dificuldades para outras situações similares; nós temos uma
situação de que existe a área e não existem os prédios. Somente haverá se o
Orçamento Participativo conquistar essas áreas. Creio que a questão está bem
encaminhada pela nossa Presidenta e pela Comissão. Esse relato é importante,
porque o problema é de toda a Casa.
A
segunda questão que trago é uma notícia alvissareira. No dia 22 de abril,
iniciaremos o deslocamento das famílias do chamado Unidão. Todos recordam aqui
as dificuldades que essas famílias passaram, inclusive com ameaça de despejo.
Recordo-me que no final do ano o Ver. Marcelo Danéris estava viajando, e nós
dissemos que iríamos lá para impedir o despejo. Conseguimos impedir o despejo,
conseguimos conquistar uma área na quinta unidade e, agora, no dia 22 de abril,
estarão as primeiras setenta famílias se deslocando para lá, para lotes
urbanizados, em condições mínimas, e certamente conquistarão também moradias no
Orçamento Participativo.
Então,
para nós, que contamos com o apoio desta Casa naquele momento difícil, é uma
grande satisfação, uma alegria ver que o trabalho desta Casa teve êxito e cerca
de quatrocentas famílias conquistaram uma moradia digna, apesar da ameaça de
despejo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Fernando Záchia está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, é com tristeza que recebo este documento,
assinado pelo então Prefeito Municipal Tarso Genro, comunicando a esta Casa sua
renúncia. É com tristeza, porque certamente em torno de 65% da população de
Porto Alegre que legitimamente o elegeu, sente-se frustrada com a decisão do
então Prefeito, agora candidato a Governador. E no próprio documento da
renúncia diz ele: “Considerando que a prévia estadual interna do Partido dos
Trabalhadores, ocorrida no dia 17 de março, escolheu-me para concorrer no
próximo pleito estadual como candidato ao Governo do Estado.” Não foi nenhum
consenso interno do seu Partido, foi uma prévia interna, que o Prefeito,
sentindo que poderia ser candidato, renuncia a algo que foi escolhido pela
maioria absoluta da Cidade de Porto Alegre. Diferente este documento do então
Prefeito e hoje candidato ao Governo, Sr. Tarso Genro, das suas declarações lá
na época da campanha, Ver. Isaac Ainhorn. Diz aqui no Correio do Povo, do dia 5 de outubro, manchete: “Para Tarso,
Collares busca o Piratini. O candidato Tarso Genro afirmou, ontem, que o seu
adversário Alceu Collares, da União Trabalhista, quer utilizar a Administração
Municipal para chegar ao Governo do Estado em 2002.” Ora, Ver. Isaac Ainhorn,
esta interpretação eu faço: o ex-Prefeito da Cidade, que renunciou, usou o seu
mandato de Prefeito Municipal para se habilitar a ser candidato do seu partido
ao Governo do Estado. Lá em 2000, no dia 5 de outubro, ele disse ao candidato
Alceu Collares o que ele pensava que iria fazer - e fez - se fosse eleito. Está
registrado no Correio do Povo, jornal
absolutamente isento. Fez trampolim para ser candidato ao Governo do Estado,
utilizando a Prefeitura Municipal e a disposição eleitoral da maioria absoluta
desta cidade.
Também
no mesmo Correio do Povo, do dia 30
de agosto, diz o então candidato Tarso: “Ficarei quatro anos na Prefeitura.”
Não somos nós que estamos insinuando, e que, eventualmente, estamos na
oposição. É o senhor ex-Prefeito desta Cidade, que dizia, no dia 30 de outubro:
“Estou disputando a eleição municipal para governar a Capital nos próximos
quatro anos.”
Algum
fato excepcional ocorreu para que o então Prefeito pudesse mudar de opinião?
Algo fenomenal aconteceu nesta Cidade, que pudesse servir de exemplo, na sua
administração de um ano e meio, para resolver os problemas do Estado, que está,
absolutamente, mal governado? Não, o Estado continua mal governado, e a cidade
de Porto Alegre com as suas dificuldades, com as promessas feitas nesta Casa e
não-cumpridas.
O Ver. Haroldo de Souza
refere, sempre, com absoluta correção, quando vê essas crianças na rua, que os seus
projetos e programas no campo social nenhum deles resolveu esse problema. Mas,
o Prefeito Tarso Genro dizia, no mesmo jornal Correio do Povo:
“Governarei a Cidade nos próximos quatro anos.”
Fico
triste, porque acreditei, mesmo não tendo votado no Sr. Tarso Genro, porque
participei de um processo democrático e respeitei a maioria absoluta, mas,
hoje, fico decepcionado, porque aquilo que as pessoas, no debate, sustentavam,
e os jornais divulgavam, não foi respeitado pelo Prefeito. O Prefeito não
sustentou o que prometeu lá atrás, quando dizia que o candidato Alceu Collares
usaria a Prefeitura como trampolim para o Governo do Estado. Quem usou a
Prefeitura um ano e quatro meses como
Prefeito para ser candidato ao Governo do Estado foi o Sr. Tarso Genro. O mesmo
Tarso Genro que dizia, aqui no jornal, que governaria o Município por quatro
anos, diferentemente das insinuações que as lideranças, diz a matéria, da
oposição estão dizendo que vai ser candidato ao Governo do Estado: “Não serei
candidato ao Governo do Estado, serei Prefeito da Cidade, se for eleito, por
quatro anos.”
Concluo,
Sr. Presidente, deixando a indagação: Quem mentiu? A maioria da população que
escolheu democraticamente o Sr. Tarso Genro? Quem mentiu? Os jornais que
publicaram isso? Quem mentiu? A oposição, que teria insinuado que ele seria
Prefeito um ano e meio? Quem mentiu? Aquele que renunciou o seu mandato de um
ano e meio para ser candidato ao Governo, disputando uma prévia interna? Os
senhores e as senhoras sabem! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): A Ver.ª Clênia Maranhão está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, em nome da Bancada do PPS também queria expressar
a nossa opinião, a nossa preocupação e a nossa indignação, tendo em vista o
fato político que esta Casa presencia hoje e que presencia também o conjunto da
sociedade porto-alegrense.
Hoje
são 3 de abril de 2002, parece que é dia 1.º, o Dia da Mentira. Mas, parece
que, em Porto Alegre, o dia da mentira vai mudar, vai deixar de ser dia 1.º
para ser dia 3, dia 4 e dia 5, porque, há um ano e três meses, assumia a
Prefeitura de Porto Alegre um Prefeito eleito pela maioria do povo
porto-alegrense que dizia, em todos os debates de imprensa - e eu resgato,
aqui, uma frase do Sr. Prefeito Tarso Genro -, o seguinte: “Eu já afirmei de
maneira peremptória que seria o Prefeito de Porto Alegre por quatro anos.” –
Debate da TV Pampa, 25 de setembro de 2000.
O
PT já aprendeu que não é fácil governar, mas aprendeu com mais facilidade o que
é não ter palavra. O Governador do Estado, Olívio Dutra, deixou claro o
conjunto de mentiras da sua gestão. Prometeu na sua campanha mais empregos,
seguro agrícola, 190% de aumento para os professores, manter a Ford no Estado,
prometeu o fim dos pedágios, saúde para todos e mais segurança. O Prefeito de
Porto Alegre, Tarso Genro, nesses treze meses, prometeu, entre muitas outras
coisas, o enfrentamento à situação de violência na Capital, a implantação de
uma política tecnológica, a ampliação dos serviços de assistência e de defesa
da criança e do adolescente, e, na verdade, o que nós vivenciamos, do ponto de
vista da política pública neste ano em Porto Alegre, foi uma verdadeira omissão
do Poder Público. O sentimento que a população tem é que esta Cidade, neste
ano, ficou absolutamente sem governante. Agora, o povo de Porto Alegre votou,
dentro das regras democráticas, em Tarso Genro para Prefeito, porque, além de
prometer essas coisas, que não foram cumpridas, ele prometia dedicar quarenta e
oito meses da sua vida pública para administrar Porto Alegre. Sabem quanto
tempo ele ficou? Menos de 30% desse mandato. Sabem por quê? Porque, desses
quinze meses de gestão, oitenta e um dias, ele viajou para participar de
conferências, dar palestras ou algumas atividades que não tinham nenhuma
correlação com os interesses da Cidade.
Eu
pergunto se, quando os eleitores de Tarso Genro votaram naquela cédula para ele
ficar quarenta e oito meses, governando a Cidade de Porto Alegre, estava
escrito naquela cédula o nome de João Verle? Não estava escrito o nome do
Vice-Prefeito; o nome do Vice-Prefeito não consta, sequer, nas cédulas de
votação. Essa é a realidade política que nós estamos inventando hoje. Eu não vou
discutir aqui as firulas jurídicas; eu vou discutir aqui a vontade do povo, que
não foi a minha vontade, mas eu, como democrata, reconheço e acho que ela tem
de ser respeitada.
Verle
é um Vice-Prefeito absolutamente desconhecido, um Vice-Prefeito que não foi
escolhido, porque o povo de Porto Alegre não o escolheu para governar esta
Cidade. Portanto, o que houve foi uma fraude do ponto de vista da garantia da
vontade do eleitor porto-alegrense.
Eu
me pergunto, e pergunto às senhoras e senhores: se um governante que se elege,
prometendo que vai ficar quarenta e oito meses administrando uma Cidade, fica
menos de 30% do tempo nesta Cidade, não cumpre as promessas de campanha e deixa
um Vice-Prefeito para administrar esta Cidade, se essa eleição é válida! Se é
válido manter um Vice-Prefeito desses no Governo, quando o povo não decidiu
assim! Verle na Prefeitura não expressa a vontade do povo de Porto Alegre!
Portanto, foi fraudada a vontade popular! E, na verdade, se nós fôssemos
respeitar a vontade do povo, o que teria que ser feito nesta Cidade é uma nova
eleição para, diante da vontade do povo, o povo escolher efetivamente quem deve
ser o novo Prefeito desta Cidade, tendo em vista que ele elegeu o Tarso, o
Tarso fugiu em cima dos seus interesses pessoais e partidários e não cumpriu
sua promessa. Houve fraude, do ponto de vista ético e político e, portanto,
essa eleição, na minha avaliação, não tem respaldo ético e não tem validade
política. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Paulo Brum está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. PAULO BRUM: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras, Srs. Vereadores, em nome do meu Partido, o PSDB, também venho a
esta tribuna expressar o nosso repúdio quanto a essa traição de que o povo de
Porto Alegre está sendo vítima no dia de hoje. O comunicado do Sr. Prefeito
começa assim: (Lê.) “Pelo presente, comunico a V. Ex.ª a minha renúncia ao
cargo de Chefe do Executivo Municipal, para o qual fui eleito para a gestão
2001-2004.” Foi exatamente para esta gestão que o povo de Porto Alegre foi
enganado pelo, então, agora ex-Prefeito Tarso Genro. Com tantas mentiras,
tantas promessas não cumpridas. Lembro-me de que, ao final do mandato do
ex-Prefeito Raul Pont, o PT via que não iria conseguir reelegê-lo, inventaram
que o Tarso não era PT, que o Tarso era light.
Como estão sentindo que não iriam conseguir reeleger o Olívio Dutra como
Governador do Estado, trouxeram mais uma vez a figura do Tarso, porque o Tarso
é light. Mas é tudo a mesma coisa.
Tarso é PT, PT é mentira, e Tarso também é mentira.
Tarso
prometeu na sua campanha a Prefeito combater a miséria em Porto Alegre; ia
acabar com a probreza, com os pobres da nossa Capital. Pois bem, o Prefeito
Tarso deixou de receber do Governo Federal, para ajudar no combate a miséria em
Porto Alegre, Ver. Pedro Américo Leal, quase 5 milhões de reais, no programa de
inclusão social para, exatamente, tentar minimizar a pobreza, a miséria pela
qual passa a nossa população. Eu denunciei aqui, na Sessão passada, que Porto
Alegre deixou de receber, durante um ano, 2 milhões e 300 mil reais para mais
de dezessete mil famílias, que não foram atendidas pelo Programa Bolsa-Escola,
e agora, deixou de receber, aproximadamente, 2 milhões de reais para o Programa
Bolsa-Alimentação. Sabem por que o Prefeito não fez tanta questão de receber,
ou de repassar esse dinheiro às crianças pobres de Porto Alegre, às gestantes
pobres de Porto Alegre? Porque esse dinheiro não vem para o caixa da
Prefeitura. Esse dinheiro é repassado diretamente para a conta da mãe de
família. E por isso não interessa ao PT. Não interessa à Prefeitura Municipal
de Porto Alegre. Cada gestante, cada mãe que esteja amamentando seu filho com
até 6 meses de idade, cada criança de 6 meses a 6 anos e 11 meses de idade, a
família que tenha uma renda per capita
de meio salário mínimo, têm direito. Já estão recebendo no resto do País, mas
aqui em Porto Alegre, não, porque nós não tínhamos Prefeito até então. Prefeito
que se elegeu em cima de uma mentira, mentindo para o povo de Porto Alegre,
mentindo que iria acabar com a miséria em Porto Alegre e que deixou de receber
até então, aproximadamente, 5 milhões de reais do Governo Federal para ajudar
no combate à fome, no combate à miséria da nossa população de Porto Alegre.
Portanto,
no dia de hoje subimos a esta tribuna também para repudiar mais essa mentira
que o Partido dos Trabalhadores impõe à nossa população. Tarso não é light, não; Tarso é PT e é mentira
exatamente como o PT também é. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente em exercício, Ver. João
Carlos Nedel, Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores, numa quarta-feira
em que olharmos para a platéia e enxergamos municipários que aqui têm vindo
para tentar resolver os seus problemas, para ouvir de nós possíveis soluções,
recebo o seguinte: (Lê.) “Pelo presente, comunico a V. Ex.ª a minha renúncia...”
A palavra “renúncia”, por si só, é negativa. A renúncia implica a gente deixar
de lado uma meta traçada, renunciar alguma coisa. Que palavra feia -
“renúncia”. (Lê.) “... ao cargo de Chefe do Executivo Municipal, para o qual
fui eleito para a gestão 2001-2004”. Tarso Genro afirma: o mandato para o qual
foi eleito é 2001-2004. Mas lá no meio da correspondência: “Considerando que a
prévia estadual interna do Partido dos Trabalhadores, PT, escolheu-me para
concorrer ao próximo pleito eleitoral como candidato a Governador do Estado do
Rio Grande do Sul...” Isto aqui escancara, definitivamente, aquilo de que falo
seguidamente: primeiro os partidos e depois o social. Tarso Genro mentiu quando
disse que ficaria os quatro anos, o mandato dele é até 2004. Mentiu. Mas, o PT
é muito mais importante que a Prefeitura do Município da Capital do Rio Grande
do Sul, claro, pois ele admite, naquilo que ele mesmo escreveu - espero que
tenha sido ele mesmo que tenha escrito -, que ele foi eleito para 2001 a 2004,
e só está renunciando porque o PT, que é mais importante do que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, pediu para ele, indicando-o para o Governo do Estado
do Rio Grande do Sul.
O
Ver. Fernando Záchia mostrou datas, quando ele acusou Alceu Collares, o Záchia
frisou bem. O que ele acusou que o meu amigo negrão Collares iria fazer ele
está fazendo agora. Puxa vida, mais uma vez o partido acima dos interesses
sociais.
Agora,
o que mais me aborrece, o que mais me entristece, o que mais me frustra nesse
episódio, são os meninos e meninas de rua, só e absolutamente isso. O que me
deixa mais triste - e eu já volto a esse assunto - é que, quando os Vereadores
da oposição estão falando, a Bancada do PT fica com risos, ironias, não prestam
atenção, e negam, como se fossem donos absolutos da Prefeitura, da Câmara
Municipal e do Estado do Rio Grande do Sul, como se eles fossem os maiorais,
como se eles fossem figuras diferenciadas de todos nós, porque até débeis
mentais nós fomos considerados, nós da oposição. Não é por aí, a agressão,
quando atinge esse ponto de o oponente... Essa palavra “oponente” me lembra,
como se diz, mentira, promessa não cumprida. A minha frustração é que eu perdi
o meu tempo no dia em que eu vi a posse do Prefeito Tarso Genro na Prefeitura
de Porto Alegre, porque ele disse em alto e bom som, sim: “Eu vou tirar, no
primeiro semestre da minha administração, os meninos e meninas de rua.” E isso
foi bandeira minha, quando fui candidato em nível estadual, em 1998, e a
Vereador, em 2000. Quando eu ouvi o Dr. Tarso, com quem eu conversava muito,
antes de entrar para a política, e muito pouco, depois que entrei para ela -
não sei por que, há uma parede formada no mundo da política -, dizer isso,
penso que não sei por que aquela promessa, já ninguém perguntou para ele. O que
eu pensei? Eu vou enviar um projeto sobre a criação das casas-lares, esse
projeto não vai ter objeção nenhuma, porque o Prefeito quer, ele disse que quer
fazer isso. “Eu vou fazer.” Mentiroso, mentiu descaradamente, mentiu para os
seus eleitores, e mentiu para mim. Eu não estou defendendo os eleitores que
votaram no Tarso Genro, porque eu não votei nele e jamais irei votar em algo
que tenha a simbologia do Partido dos Trabalhadores, não vou mesmo, mas eu
lamento a traição àqueles que o elegeram como legítimo representante e
administrador da cidade de Porto Alegre por quatro anos. E ele colocou o
Partido dos Trabalhadores acima da Prefeitura Municipal de uma capital, de uma
das capitais mais importantes deste País. O PT é mais importante do que a Prefeitura
Municipal de Porto Alegre? Só na cabeça mesmo dos petistas. Muito obrigado.
(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
preciso confessar a minha profunda tristeza, porque o povo de Porto Alegre, que
aqui nós representamos, foi fraudado, e foi solenemente fraudado. Há poucos
dias, comemorando o centenário de Loureiro da Silva, eu dizia do seu apreço e
do seu respeito pela palavra de honra, e a palavra de honra parece não existir
para o atual Prefeito que está deixando a Prefeitura amanhã. Eu li uma citação
que diz assim: (Lê.) “Poucas vezes se expõe a honra por amor à vida; e quase sempre
se expõe a vida por amor à honra.” Onde estava a honra do Sr. Prefeito Tarso
Fernando Herz Genro? Que amor tinha ele por esta Cidade que o fez jurar aqui,
na televisão, no rádio, para toda a imprensa, que ele governaria por quatro
anos? Não chegou a assumir a Prefeitura Municipal de Porto Alegre; viajou por
vários países da Europa, da América do Sul, e por este Brasil afora também
viajou bastante, algumas vezes até a serviço da Prefeitura. E viajou, viajou e
viajou, esqueceu-se de administrar esta Cidade, Cidade que ele, reiteradas
vezes, disse que administraria, e o povo acreditou plenamente, pois ele foi
eleito, e o Prefeito é o dono da responsabilidade de dirigir bem a Cidade. E
ele fugiu. Poderá dizer que outros Prefeitos, antes dele, deixaram a Prefeitura
para serem governadores do Estado; é o caso de Leonel Brizola e de Ildo
Meneghetti, mas eles ficaram três anos no governo. Agora, esse tem uma coisa
diferente, esse não foi honesto, e aí eu não sou transigente de forma nenhuma.
Depois de dizer que não queria ser candidato a Governador, que seria Prefeito
por quatro anos, assume a Prefeitura, e não foi convocado pelo seu Partido para
ser o candidato, não, ele foi brigar no seu Partido para ser o candidato; ele
não foi chamado, ele ganhou a prévia, deve ter gasto muito dinheiro, porque de
graça ele não ganhou. Eu gostaria de ver como se deu a eleição em Gravataí,
onde ele ganhou a prévia, mas também não me interessa, não é do meu Partido.
O
que me entristece, profundamente, é a falta de cumprimento da palavra de honra,
que é a coisa mais sagrada para um político. Eu ainda acredito que existam
políticos que preservem a honra, que preservem a dignidade, e isso ele não
soube fazer, ele não cuidou da sua Cidade nem um pouco; ele ficou esse um ano,
três meses e quatro dias. Viajou, viajou e viajou! Não aplicou nem o dinheiro
que arrecadou em benefício da coletividade! Terminou, no dia 31 de dezembro,
com 183 milhões de reais, e o municipário precisando de remédio, a população
precisando de remédio, e na Secretaria de Saúde dizem que é normal faltar
remédio, e o dinheiro, no sistema financeiro, rendendo juros para o Prefeito.
Mas o que ele queria com esse dinheiro, o que ele queria com esses juros? Eles,
que condenam os banqueiros, estavam dando oportunidade aos banqueiros de ganhar
mais dinheiro com o dinheiro do povo de Porto Alegre a 1% ao mês, no sistema
financeiro. Onde está a honra, onde está a dignidade? Só pode haver tristeza
para nós todos, para a população de Porto Alegre. Nós terminamos acreditando porque
é o nosso Prefeito, mas que nosso Prefeito coisa nenhuma! Ele não assumiu em
momento nenhum! Que Prefeito é esse que deixa dinheiro no sistema financeiro –
não sou eu quem informa, é ele mesmo - e não termina com o problema da falta de
remédio nos ambulatórios, não termina com o problema de alagamentos, que,
segundo o DEP, custa 9 milhões de reais? O dinheiro está todo no sistema
financeiro, fazendo os banqueiros mais ricos. E eles condenam os banqueiros.
Srs.
Vereadores, é muita a minha tristeza, porque não sou eu o único nesta Casa que
ama Porto Alegre, todos nós a amamos, é certo. É um dia marcado, porque um
político que foi acreditado pela população porto-alegrense deixou de ser
honrado, deixou de ser digno, não cumpriu a sua palavra de honra, não cumpriu o
seu juramento!
E
a Cidade fica com muito dinheiro para o que vem aí, o novo Prefeito. Muito
dinheiro. Vamos ver o que ele vai fazer, mas terá a nossa fiscalização
intransigente, permanente. Talvez ele seja Prefeito. Saúde e paz! Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra
para uma Comunicação de Líder.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, público
que nos assiste, o Prefeito Tarso Genro, como determina o comando
constitucional, encaminhou a esta Casa, dentro do estado democrático de
direito, a sua renúncia para postular, perante o povo do Rio Grande, a
continuidade do nosso Governo no Estado do Rio Grande do Sul. Vários oradores
seguiram-se, nesta tribuna, falando entre mentira e verdade. Eu quero passar
brevemente por isto. Serão mentira ou verdade o Vereador, o Deputado, o
Governador, o Prefeito que estão se elegendo por um partido e, no outro dia,
mudam para outro? Será mentira ou verdade um político que, tendo dito que tinha
compromisso com determinados programas e atitudes frente a sua coletividade, no
interesse daquela coletividade, depois faz como diversos, como vários que assim
fizeram? Inclusive vêm aqui nesta tribuna sustentar diferentemente.
Tarso
Genro nasceu em São Borja, teve sua juventude em Santiago, iniciou sua
atividade política em Santa Maria - até é tido como santa-mariense -, mas aqui
ele residiu e aqui deu os melhores anos de sua vida a esta cidade de Porto
Alegre. Não estamos falando de Tarso Genro em cima de uma plataforma política
para ser Governador, estou falando aqui do homem público, reconhecido nacional
e internacionalmente. Eu estou falando aqui de um Prefeito que cotidianamente
cuidou desta Cidade com um carinho com o qual ninguém se dedicou antes. Como
foi Vice-Prefeito de Olívio Dutra - o nosso grande Governador -, pioneiro na
construção dessa Administração em Porto Alegre, como foi o pioneiro na
construção do nosso Governo do Estado, como um bandeirante, abrindo caminhos na
floresta do individualismo do poder econômico que se assenta no Brasil e se
assentava neste Estado. Eu estou falando de Tarso Genro que foi Prefeito desta
Cidade e deixou aqui uma histórica biografia, de tal ordem que até hoje se
repercute na administração conseqüente de Raul Pont e até na sua própria
administração, como é o programa da III Perimetral e todos os elementos que
compõem aquela atividade, como uma das principais obras já realizadas por
qualquer Prefeito aqui nesta Cidade. Eu estou falando de Tarso Genro eleito por
60% da vontade da população de Porto Alegre, não porque era Tarso Genro, mas
porque estavam escolhendo um projeto, porque há quatro mandatos esta Cidade não
escolhe um homem. Tanto é que por quatro legislaturas consecutivas elegeu um
programa e um projeto que dá segurança, orientação e plano político para a
Cidade. Em cima de quê? De participação popular. De transparência dos recursos
públicos. Do afastamento do convívio do clientelismo, do favoritismo, da compra
da consciência. Eu estou falando de Tarso Genro, um homem público que tem
postura e que é admirado. Não estou aqui pedindo, Vereadores, companheiros e
colegas, que V. Ex.as concordem com a renúncia do Prefeito Tarso
Genro. Estou pedindo que respeitem o Prefeito Tarso Genro, pelo que ele é como
homem público. Porque esse desserviço que se faz aqui, ao falar e atirar de
desonestidade, de falta de palavra, etc., na verdade revela, para mim,
senhores, a intranqüilidade, o temor. “Lá vem Tarso Genro.” Queriam cassá-lo em
2000, porque eles sabiam que Tarso Genro é um homem disponível no Partido. E
eles já queriam ganhar o jogo antes de a bola entrar em campo, Ver. Haroldo de
Souza. Isso era o que preocupava a oposição. Quando Tarso Genro entrou na
Prefeitura de Porto Alegre, disseram: “Afastemos essa possibilidade, porque ele
pode ser o candidato do Partido, e o Partido, soberanamente, assim decidiu e o
convocou. Ou V.Ex.as acham que esses argumentos que V. Ex.as
aqui traçam para todos os lados não foram usados e reusados nos argumentos
internos do nosso Partido para nós tomarmos a nossa decisão? Foi! E assim mesmo
o Partido, soberbamente, decidiu.
Eu
vou dizer, para concluir, que nós temos uma grande honra de ter aqui nesta
administração quatro mandatos, mas não conferidos de forma autoritária e
arrancados pelas armas, não com a tutela das baionetas, mas pelo voto da
população depois de disputa acirrada na sociedade. E os que não concordam
têm-se que submeter a ela, porque nós nos submetemos sempre que assim for
diversa a nossa opinião. É assim que nós construímos consciências. É assim que
nós vamos construir uma retumbante vitória de Tarso Genro no governo do Estado,
unindo o povo do Rio Grande para continuar as mudanças que nós aqui fizemos.
Muito obrigado.
Tarso
Governador, João Verle Prefeito de Porto Alegre! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente João Carlos Nedel,
presidindo os trabalhos desta tarde, Sr.as Vereadoras e Srs.
Vereadores, senhoras e senhores, eu acredito que, se um homem mudar de partido
e essa mudança não tiver, de forma nenhuma, fraudado os seus compromissos de
campanha, ele não terá cometido nenhuma ilegalidade, ele não terá cometido
nenhuma afronta à sociedade.
Agora,
se um homem não muda de partido, mas muda de hábitos, muda de caráter; se ele
engana a população com um determinado discurso, se ele faz promessas à
população, elegendo-se a partir daquelas promessas e, logo após, frusta toda a
população, todo um povo, renunciando àquele mandato sem cumprir nenhuma
daquelas promessas feitas a esse povo, então, estamos diante, Ver. Pedro
Américo Leal, de alguém que está cometendo um crime político, um crime grave,
um estelionato, porque houve, Ver. Pedro Américo Leal, Ver. Isaac Ainhorn, V.
Ex.ª que é um professor na área do Direito, houve um comprometimento, houve um
contrato feito entre esse homem e a população. Quando alguém faz promessas
públicas, está estabelecendo um contrato entre ele, se for eleito, e a
população. A população fez a sua parte, votou nesse homem, mercê das idéias que
ele pregou, mas esse homem, que assinou contrato, através das suas promessas
públicas, não cumpriu esse contrato! Ele, simplesmente, vai para novas
mentiras, parte para novas promessas, vai tentar estabelecer um novo contrato
com essa sociedade, Ver. Sebastião Melo! Ele quer, com novas mentiras, com
novas promessas estabelecer um novo contrato, ele que já não cumpriu o
primeiro! Será que vai cumprir o contrato quer agora assinar novamente com essa
sociedade?
O
Líder da bancada petista, Ver. Estilac Xavier, aqui, nesta tribuna, disse que o
seu Partido não se embasa em homens, e sim, em programas. Esse é o discurso do
seu Partido, Ver. Estilac Xavier, mas se isso fosse verdade não precisaria
forçar a candidatura do Sr. Tarso Genro, da forma como foi forçada, quando até
integrantes do Partido de V. Ex.ª, o Prefeito de Gravataí, o acusou de fraudar
as eleições, fraudar o plebiscito lá em Gravataí, acusou o seu candidato de
praticar atos ilícitos para poder ganhar o plebiscito. É esse o seu candidato,
Vereador! É o candidato que enganou até os seus próprios correligionários! É o
candidato que enganou os seus próprios companheiros de Partido! É o candidato
que para ser o expoente do seu Partido, que para ser o número um do seu
Partido, até mesmo de acordo com as acusações do Prefeito de Gravataí, acabou
comprando votos. Não é esse homem que nós queremos dirigindo os destinos do
nosso Rio Grande do Sul.
Felizmente,
eu digo, Ver. Estilac Xavier, ele está-se despedindo de Porto Alegre, porque as
promessas que ele fez, ele não tinha condição de cumprir, nem se cumprisse os
dois anos restantes de mandato. Ele está indo, na minha opinião, tarde. Porto
Alegre já não merecia mais este comando, Porto Alegre merecia alguém melhor.
Quem sabe um homem desconhecido, como é o caso de João Verle, quem sabe ele vem
aí e faz alguma coisa diferente. Eu acho que nós que somos Vereadores desta
terra, e principalmente nós que somos Vereadores de oposição, nós que
representamos mais do que a maioria dos eleitores de Porto Alegre, nós temos
obrigação, Ver. Pedro Américo Leal, de sermos fiscais, de sermos exigentes.
O
estelionato de Tarso Genro, o estelionato do PT, esse vai ser cobrado nas
próximas eleições. Eu tenho certeza de que o nosso povo, de que a nossa
sociedade, inteligente e politizado como é o nosso povo, não vai deixar de
cobrar esse estelionato, que vai ficar marcado na história política do Rio
Grande do Sul. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Havendo quórum, passamos à
O SR. ESTILAC XAVIER: Estou encaminhando, Sr. Presidente, à
Mesa, para conhecimento, a disposição que a minha Bancada tomou, em reunião,
nesta semana, onde indicou, como Colégio de Líderes, o Ver. Marcelo Danéris,
Líder; o 1.º Vice-Líder, Ver. Adeli Sell e o 2.º Vice-Líder, o Ver. Juarez
Pinheiro. Encaminho essa documentação e aproveito, como é a última Sessão da
minha Liderança, para agradecer os trabalhos da Mesa e aos demais Vereadores
pela prestigiosa convivência, e me coloco à disposição.
Faço
esse registro, porque a partir de amanhã a nossa Bancada terá o comando do Ver.
Marcelo Danéris, que foi meu Vice-Líder, a quem também agradeço o trabalho e
apoio que ele e o Ver. Juarez Pinheiro, bem como os demais tiveram no processo
do ano legislativo.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): Comunicamos que a Ver.ª Maristela Maffei
está representando esta Casa, por deferimento do Sr. Presidente, Ver. José
Fortunati, em evento da comunidade palestina pela paz dos povos.
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO NOMINAL
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
0887/01 – VETO TOTAL ao PROJETO DE LEI
DO LEGISLATIVO Nº 023/01,
de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que autoriza o Poder Executivo a implantar
o Restaurante Popular no Município de Porto Alegre.
Parecer:
- da CCJ.
Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Total.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art.
77,
§
4º, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA;
-
discutiram a matéria, em 01-04-02, os Vereadores M.Danéris, F.Záchia, A.Sell,
M.Maffei.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o
Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o
Projeto, aceita o Veto.
-
Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 023/01, com Veto
Total. A Ver.ª Sofia Cavedon está com a palavra para discutir.
A SRA. SOFIA CAVEDON: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, eu não sou daquelas que acham - como eu ouvi aqui a fala do Ver.
Nereu D’Avila - que, quando um Vereador faz um projeto, ele quer utilizar os
seus colegas para ganhar prestígio. Eu respeito profundamente cada uma das
idéias expressas aqui em palavras, projetos, requerimentos ou diferentes formas
legislativas que temos previstas no nosso Regimento. Inicio dizendo isso porque
o Ver. Nereu D’Avila não se comportou à altura da qualidade do debate que
fazemos aqui e desqualificou uma iniciativa, apesar de reconhecer o mérito.
Discutimos
um Projeto vetado de autoria do Ver. Haroldo de Souza, que tem um grande
mérito, que traduz uma preocupação muito grande, que é a possibilidade de
alimento barato para o nosso trabalhador, para o subempregado, para a nossa
população pobre, porque, diferente do que se quer alardear, esse momento de
estabilização econômica é um modelo perverso para a população em geral,
concentra poder e renda e faz com que cada vez mais pessoas estejam no mercado
informal, no subemprego, no desemprego, e eles precisam, sim, de políticas
públicas para sobreviver, para enfrentar questões básicas que deveriam estar
garantidas, e que o nosso Brasil tem condição de garantir a todos os seus
habitantes.
Creio
que a intenção do Governo Municipal em se envolver com a constituição de um
restaurante popular é meritória, um restaurante acessível a todas as pessoas.
Há, no entanto, aqui, uma invasão de atribuições. Acho extremamente complicado
quando temos uma bela idéia – e esta é uma bela idéia – e que esta idéia não
seja encaminhada da forma que deveria legalmente ser encaminhada. Definição de
obras, orçamentos e gastos estão restritos ao Poder Executivo. Nós somos um
Poder autônomo, independente e não devemos interferir, enquanto Legislativo, na
definição orçamentária, nos gastos da Prefeitura. Esse é o primeiro problema,
aparentemente saneado com o caráter do Projeto, que é autorizativo. Aí, na
minha opinião, esse é o outro problema: fazermos leis autorizativas,
principalmente leis que se referem a gastos. Gosto da expressão, Ver. Elói
Guimarães, não é do caráter da lei, não é do sentido da lei. A lei tem de ser
clara, tem de definir. Se uma lei estabelece que poderá vir a ser feito algo, é
uma sugestão. E isso, na minha opinião, é banalizar um pouco esse instrumento
importante, que é o instrumento da construção de leis. Para sugerir, para
constituir idéias para que o Executivo venha a concretizá-las, temos diferentes
caminhos nesta Cidade. Temos o rico processo do Orçamento Participativo, temos
os diferentes Conselhos da Cidade, temos o movimento social que, inclusive, irá
trazer para nós a proposta de constituição da Secretaria do Abastecimento e
que, tenho certeza, terá uma acolhida importante nesta Casa. Nós temos formas
diferenciadas de encaminhá-lo, não distorcendo essa possibilidade da lei. Daí a
necessidade de a lei ser precisa, ser clara e não interferir no que é de
competência do Executivo.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte?
A SRA. SOFIA CAVEDON: Eu lhe concedo um aparte, esperando que
assim seja da próxima vez, quando eu lhe solicitar.
O Sr. Isaac Ainhorn: Isso faz parte do processo de diálogo e
do debate. Vereadora, V. Ex.ª quer uma lei mais clara, precisa e concisa do que
esta do Ver. Haroldo de Souza, que estabelece, de forma clara e inequívoca, que
fica o Poder Executivo autorizado a implantar o restaurante popular no
Município de Porto Alegre? No artigo 2.º, estabelece que o restaurante popular
destina-se, basicamente, ao atendimento da população carente do Município. Quer
lei mais clara, concisa e precisa do que esta? Só quem não quer atender a uma
demanda do Poder Legislativo, a uma proposta de um Vereador da oposição é que
veta esta Lei. Infelizmente é o Prefeito que não foi Prefeito de Porto Alegre;
foi de 92 a 96.
A SRA. SOFIA CAVEDON: O que eu estou dizendo aqui, Vereador, é
que não precisa autorizar o que a Prefeitura pode fazer por conta. Fazermos
leis para autorizar o que já é dever e direito da Prefeitura fazer é que eu
acho que está inapropriado e que banaliza esse instrumento importante da lei.
Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Haroldo de Souza está com a
palavra para discutir o Veto Total ao PLL n.º 023/01.
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, depois do blablabá da Ver.ª Sofia Cavedon, eu
estou aqui para defender o Projeto copiado do Governador do Estado do Rio de
Janeiro, Sr. Anthony Garotinho. Este Projeto, quando aprovado na Casa, causou
desentendimentos que se repetem...
A Sr.ª Sofia Cavedon: V. Ex.ª permite um aparte?
O SR. HAROLDO DE SOUZA: Eu não vou dar aparte; só se sobrar tempo
aqui......que se repetem sempre que o assunto, outra vez, aparece. E aparece
para apreciação e votação o Veto imposto pelo Sr. Prefeito Municipal Tarso
Genro, que renuncia, sem cumprir seu mandato, depois de afirmar o contrário, e
deixando no rastro da sua administração a promessa de retirada dos meninos e
meninas de rua nos primeiros seis meses de Governo.
Na
política precisamos conviver com tudo o que é tipo de reações humanas e
desumanas. No Plenário de segunda-feira foi chumbo cruzado entre situação e
oposição como eu nunca havia visto. E confesso que isso me deixa profundamente
triste, aborrecido, decepcionado, frustrado mesmo, por comprovar que realmente
primeiro se faz a política partidária e só depois o social.
Voltando
ao Veto do Sr. Prefeito Tarso Genro, não acredito que o Ver. Estilac Xavier vá
votar contra este Projeto, porque ele queria que eu dividisse com o Ver.
Aldacir Oliboni o Projeto de implantação do restaurante popular em nossa
Capital. Se pede um projeto a quatro mãos, é porque o Projeto é bom. Logo, não
vejo como o Ver. Estilac Xavier possa votar contra este Projeto, mantendo o
Veto, porque ele queria a divisão do mesmo com um Vereador da sua Bancada.
Também
não acredito que o Ver. Estilac vá desmentir esse fato, pois o tenho como um
político de profunda brilhatura - já disse isso aqui publicamente e na Rádio
onde trabalho -, inteligente e homem de palavra. Logo, não vai apelar para a
estratégia de negar que disse. Disse, mas se aqui vier e negar, eu, que não
gosto muito de vir aqui, venho aqui só para falar coisas objetivas, antecipo
que lamento muito encontrar mais um petista que mente.
Acredito
que a bancada governista vai rever e votar a favor do Projeto, porque ele é de
interesse social, e até sugiro um nome para o restaurante popular: Restaurante
Popular Aldacir Oliboni. Para mim, pouco interessa que saibam que esse Projeto
é meu. O que eu quero é que se faça mais política social do que política
partidária. O que eu quero é ver uma pequena parcela da população
porto-alegrense tendo direito a uma refeição digna por dia, pelo menos uma,
pagando apenas 1 real, com direito a suco, guardanapo, carinho e respeito.
Quero
deixar, mais uma vez, bem claro o que penso a respeito da política. Os ataques
feitos na última segunda-feira nesta Casa passaram dos limites, porque teve um
Vereador que chegou a duvidar da sanidade mental dos seus parceiros desta Casa.
Não, decididamente não serviu a carapuça para mim, nem o chapéu, como queiram,
porque me sinto perfeitamente bem mentalmente, tanto que sei dividir o caráter
a quem devo ter consideração e respeito nos meus ambientes de trabalho. E uma
pessoa doente mental não teria condições de fazer isso. Pôxa vida! Quem é que
vem aqui e nos chama de doentes mentais, não consegue manter relacionamento e é
“manjado“ por seus destemperos verbais e acusações sem medir palavras? Eu, nem
por isso, vim aqui pedir para que ele retire determinadas colocações que, para
mim, são uma tremenda falta de ética e uma baixaria descomunal.
Não,
não é sobre esse Vereador que quero falar, mesmo porque tenho coisas mais
importantes para cuidar do que estar respondendo a pessoas que não merecem a
minha amizade e o meu respeito. Muito menos digo o seu nome, porque, usando-me,
ninguém vai aparecer junto ao público, porque eu conheço um pouco de mídia,
conheço um pouco de comunicação, que aprendi ao longo de trinta e oito anos de
trabalho profissional.
Já
disse aqui desta tribuna e vou repetir: Ver.ª Sofia Cavedon, eu tenho minhas
dúvidas sobre a serventia de uma Câmara Municipal ou de uma Assembléia
Legislativa. Quem sabe, no futuro, eu aprenda.
Repito,
a respeito do Veto ao Projeto do restaurante popular: pela proposta feita pelo
Líder do PT naquele dia - Ver. Adeli Sell, tenha certeza -, se eu fosse
Vereador do PT, seguramente não haveria Veto para o meu Projeto, e não estaríamos
discutindo isso aqui na Casa, o que lamento, porque isso me prova, mais uma
vez, que os partidos estão acima da sociedade. Primeiro, o partido, é claro - o
PT é até mais importante do que a Prefeitura de uma capital -, e depois, o
social.
Com
certeza todos aqueles que foram considerados homens com problemas mentais, na
oposição, manterão o voto pelo Projeto, e um sonoro não a esse jeito nojento de
fazer política como está fazendo o Partido dos Trabalhadores. Enquadrem-me onde
quiserem, se quiserem. Eu não tiro uma vírgula do que disse, porque fui chamado
de louco, porque aprendi que quando é preciso eu também sei usar de baixaria em
defesa dos meus pontos de vista. Não gosto, mas sei. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Aldacir Oliboni está com a palavra
para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
O SR. ALDACIR OLIBONI: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, é importante deixar muito claro que existia aqui
um PL do Ver. Haroldo de Souza, e um Substitutivo n.º 01, deste Vereador. É
direito de qualquer Vereador apresentar um substitutivo ou um projeto de lei,
só que existia uma enorme diferença entre o PL e o Substitutivo. Primeiro,
porque o PL do nosso colega, Ver. Haroldo de Souza, não previa o controle do
Poder Público, e o Substitutivo deste Vereador o previa. O que quero dizer com
isso? Vou pegar dois exemplos bem práticos que acontecem em nosso País: Rio de
Janeiro e Belo Horizonte. No Rio de Janeiro, administrado pelo Governador Garotinho,
o subsídio feito pelo Poder Público já é de 2 reais e 75 centavos, isto é, o
custo da refeição é 3 reais e 75 centavos. A população que se utiliza desse
restaurante paga 1 real e o Poder Público subsidia 2 reais e 75 centavos. Já em
Belo Horizonte, que tem o controle do Poder Público, o custo da refeição é de 1
real e 85 centavos, sendo que o Poder Público, que tem o seu controle, subsidia
apenas 85 centavos. Aí é que está a diferença. Mais do que isso: em Porto
Alegre, porque há um fórum que discute a implementação do restaurante popular,
que é o FORSANS, está fazendo esse estudo para poder fazer com que o Executivo
lance, então, a idéia de implementar em Porto Alegre o restaurante popular,
sim. Isso não quer dizer que, aprovado aqui o Projeto do Ver. Haroldo de Souza
vá fazer com que o Executivo implemente o restaurante popular, porque projetos
autorizativos se fazem se o Poder Executivo quer. É importante salientar que
esse Projeto, uma vez aprovado, não tem interferência nenhuma no Poder
Executivo, porque ele é autorizativo e porque ele, mais do que isso, não prevê
o controle do Poder Público.
Essa
é a base de sustentação política que nós temos, para fazer com que, logo ali
adiante, não se jogue dinheiro pela janela, não se faça o que os restaurantes particulares
querem: conveniar-se ao Poder Público e dizerem que o custo da refeição está em
um preço, por exemplo, em torno de 3 reais e alguns, inclusive, de 1 real e 99
centavos, e, logo adiante, uma vez conveniados, dizerem que a refeição custará
mais, por exemplo, 4 reais.
É
importante salientar aqui que nós, enquanto Partido, enquanto Poder, em Porto
Alegre, queremos, sim, o restaurante popular, mas que ele venha a atender os
mais necessitados, isto é, os trabalhadores desempregados e desassistidos, os
trabalhadores que ganham até três salários mínimos, enfim, todos aqueles que se
poderão credenciar junto à FASC, junto à SMIC, e que as entidades, os órgãos e
as Secretarias possam ter o controle absoluto, e, mais do que isso, que os
funcionários sejam administrados e direcionados pelo Poder Público.
É
nesse sentido que nós estamos aqui defendendo, sim, a posição do Prefeito
Municipal para que se viabilize o restaurante popular, mas com o controle do
Poder Público. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Pedro Américo Leal está com a
palavra para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
O SR. PEDRO AMÉRICO LEAL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, é
preciso que atentemos que o projeto autorizativo não faz parte do elenco de
projetos que caracterizam, não só o mundo jurídico, como também o Regimento
desta Casa.
O
que é um projeto autorizativo?... Eu tive vários aprovados pelo Sr. Prefeito. É
uma sugestão de um dos 33 Vereadores, que, resolvendo ir além da sua missão de
guardião, de fiscalizador das coisas do Prefeito, sugere, legalmente, em
projetos normais, alguma coisa para que a Cidade se engrandeça. O projeto
autorizativo é apenas uma sugestão e, como tal, deve ser compreendido. Até já
achei que o projeto autorizativo não era passível de Veto, ou seja, o Prefeito
receberia e tomaria aquilo como uma contribuição, mais uma contribuição do
corpo legislativo da Câmara.
Mas
este Projeto, eu quero lembrar ao eminente Ver. Haroldo de Souza, na sua
essência, é magnífico, porque é uma idéia que vem ao encontro de todas as
necessidades de um povo sofrido. E se confundiram nesta idéia o Ver. Aldacir
Oliboni com o Ver. Haroldo de Souza. Deixo de saber aqui qual foi o verdadeiro
mentor dessa idéia. Mas eu quero dizer aos meus companheiros, aos meus pares,
que leiam que, na redação final, no art. 10 deste Projeto autorizativo, em que
eu estou dando uma sugestão ao Prefeito, eu não posso dizer, de maneira alguma,
que fica estabelecido o prazo de cento e vinte dias para que o Executivo
implante o restaurante popular. Mas como? Eu só estou sugerindo alguma coisa,
como é que eu vou dar ordens? É um contra-senso! É um contra-senso! Nada mais a
dizer. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Adeli Sell está com a palavra, por
cessão de tempo da Ver.ª Helena Bonumá, para discutir o PLL n.º 023/01, com
Veto Total.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, eu, normalmente, uso óculos, mas enxergo bem, de
longe. Onde está o Vereador autor deste Projeto? Onde está o Vereador? O Ver.
Haroldo de Souza tem rompantes nesta tribuna, costuma achincalhar as pessoas e
some do Plenário. Ele já coloca em dúvida o Parlamento, mas é candidato a
Deputado Estadual, já tem até adesivo no carro. Onde está o Vereador? O
Vereador, num debate, vem aqui e, de uma forma deselegante, diz que a Ver.ª
Sofia Cavedon, que tem uma outra opinião, faz: blablablá. Ora, Vereadores
discutem idéias, defendem propósitos, como o Ver. Pedro Américo Leal acabou de
explicitar a sua posição aqui nesta Casa. Somos de partidos diferentes, temos
visões ideológicas que se confrontam muitas vezes, apesar de muitas vezes eu
concordar com opiniões. E estamos dispostos a discutir com quem quer que seja.
Que bom que o Vereador chegou, vai nos ouvir, vai debater, serena e
tranqüilamente. Nós temos que fazer esse debate. A proposição do Ver. Haroldo
de Souza tem méritos, porque nós temos pobrezas, sim, temos pessoas que
precisam de alimentação, de segurança alimentar. Com o menor custo para o Poder
Público, Ver. João Antonio Dib, com a condição necessária de que a alimentação
vá para as pessoas que necessitam.
O Sr. Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, o que me preocupa seriamente é a forma com
que é redigido o Veto. O Veto realmente diz que o Projeto tem mérito, e se tem
mérito não tem mais o que discutir. Eles não deviam escrever que tem mérito. Se
eles escreveram é porque acham que tem mérito, e se tem mérito deve ser
aprovado. Essa dificuldade de criar despesas é sanável, tranqüilamente.
O SR. ADELI SELL: Eu penso que nós até devemos criar
despesas para a questão da alimentação popular, através de parcerias, com o que
já existe. Imaginem as senhoras e senhores, Ver. Estilac Xavier, nós montarmos
um espaço, trabalharmos um espaço, mesmo alugado, o custo que isso seria.
Terceirizado, no Rio de Janeiro, como foi feito pelo Governador Garotinho custa
4 reais redondos, cada refeição, porque o governo subsidia com 2 reais e 89
centavos.
O Sr. Estilac Xavier: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) O Ver. João Antonio Dib
acaba de manifestar que o Prefeito considerou mérito. Mas a Prefeitura tem uma
conduta de procedimento a respeito de projetos autorizativos, que aliás,
orienta o meu voto e o do Ver. Juarez Pinheiro, permanentemente na Comissão de
Constituição e Justiça, de mérito sobre o assunto. Há outras interpretações.
Agora lhe informo o seguinte: méritos há muitos, mas alguns que entram tão na
seara que inclusive acabam sendo projetos absolutamente de apenas manifestação
pública. Veja o FUNDOCRED, tem mérito dar crédito para os universitários, agora
a Prefeitura, só por isso, teria que aprová-lo? Temos uma conduta, é isso que
acho que o Ver. João Antonio Dib teria que colocar na sua apreciação. Obrigado.
O SR. ADELI SELL: Inclusive, vou usar esse seu exemplo e
dizer que eu fui o primeiro a propor as câmeras de vídeo no Centro da Cidade,
não fiz projeto. Fiz, sim, gestão junto a Prefeitura, gestão junto à Brigada,
fiz inclusive pressão sobre o meu Governo e meu Partido – ou não foi? E
tínhamos divergência na nossa Bancada, eu e o Ver. Guilherme Barbosa várias
vezes debatemos com tranqüilidade, são visões diferentes. Não é um problema
político, não é um problema ideológico, é um problema de concepção de uma
prestação de serviço necessária para a Cidade. Podemos fazer parceria com
vários restaurantes no Centro da Cidade que já fornecem pratos populares. Temos
de 1 real e 99 centavos, 2 reais e 50 centavos vários. Então, colocar dinheiro
público como o Garotinho está colocando no Rio de Janeiro é um erro crasso.
Esse não é um exemplo, não pode ser seguido, está errado, equivocado. Temos,
sim, que ter vários projetos, várias iniciativas no sentido de garantir o
bem-estar para a população, inclusive a questão da segurança alimentar. Muito
obrigado. (Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
O SR. JUAREZ PINHEIRO: Sr. Presidente, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, não havia me preparado como queria para discutir
esse Veto, mas tenho duas ou três considerações a fazer. A primeira delas é
assinalar a contradição que foi verificada pelo Ver. Pedro Américo Leal na sua
intervenção, ou seja, há um desvio ontológico nesse Projeto no sentido de que
ele é um projeto autorizativo e, ao mesmo tempo, é um projeto que determina.
Portanto, ele não é um projeto autorizativo. De outra parte, Ver. Estilac Xavier,
eu acho que V. Ex.ª observou bem. Até havia pedido ao Vereador autor da matéria
que escutasse a minha intervenção, porque eu queria fazer um elogio a sua
iniciativa. O Vereador propôs uma matéria e eu entendo, e aí, Ver. João Antonio
Dib, o conceito basilar do projeto autorizativo no sentido de que o projeto
autorizativo é uma sugestão que faz o parlamentar, e quando ele coloca a
palavra autorizativo, ele já sabe que não tem a competência originária para
propor aquele projeto, porque se tivesse a competência originária, ele não
diria “autorizo o Poder Executivo”. E uma lei deve ter cogência, quero dizer,
projeto autorizativo na verdade não é uma lei, não existe lei sem cogência. O
projeto autorizativo é uma sugestão, e a partir do momento, Ver. Elói Guimarães
- que tem debatido esse tema na nossa Comissão de Constituição e Justiça -, em
que um Vereador propõe um projeto autorizativo recebe dos seus colegas também a
anuência, o sentimento de que aquela matéria tem relevância para ser apreciada,
encaminhada ao Poder Executivo. Significa, sim, uma sinalização de que o corpo
legislativo, não tendo a competência originária para propor aquela matéria,
quer dizer a quem tem aquela matéria competência que entende, colaborando com a
administração do Município, que ela merece relevância, de conseqüência o veto
ou não veto não altera em nada a iniciativa. É isso que eu quero chamar a
atenção e eu gostaria de dizer ao Ver. Haroldo de Souza, que possivelmente,
neste momento, despacha em seu gabinete, e talvez me escute. A iniciativa sobre
a qual ele tem lutado com méritos, e discute, eu tenho talvez divergência de
fundo sobre essa proposta, mas eu a contrario
sensu o Vereador tem uma posição, discute, pesquisa, se informa com outros
municípios de outras capitais, outros Estados, a proposta do Vereador está
marcada na Cidade, junto com o Ver. Aldacir Oliboni, ambos têm a convicção de
que essa iniciativa contribui para minorar as dificuldades daquelas pessoas
mais despossuídas, não é que o Veto vai tirar a importância da matéria. Ver.
Elói Guimarães, o Poder Executivo, qualquer autoridade pública, principalmente
quem tem o mandato popular, tem que cumprir a lei. O que diz a Lei Orgânica é
que matérias que tenham a possibilidade de gerar despesas e matérias cuja
competência seja de iniciativa privativa do chefe do Poder Executivo só aquele
ente pode propor essa matéria. Vetar um projeto autorizativo a meu juízo não
significa descartar uma idéia importante, tanto para o autor, quanto para o
corpo legislativo, significa, sim, o Poder Executivo cumprir o que o Ver. João
Antonio Dib tanto requer nesta Casa, o cumprimento da Lei Orgânica, o
cumprimento da Constituição, e o que a Lei Orgânica diz é que os projetos que
envolvam gastos, podem ser um centavo, não podem ser iniciados pelo Poder
Legislativo. Podemos ter discordância disso, mas isso deriva de todo o
arcabouço jurídico, tendo como base a Constituição Federal, as Constituições
Estaduais e das Leis Orgânicas.
Ver.
Haroldo de Souza, sua proposta tem sentido, a partir do momento em que ela foi
uma sugestão, o Veto não dessubstancia a sua proposta, a Cidade toda escutou
que o Ver. Haroldo de Souza entende assim. A Câmara de Vereadores, por maioria,
aprovou a sua iniciativa, e o Veto não diz respeito, Vereador, o Veto
considera, sim, a sua proposta, mas o Veto faz o que o Ver. João Antonio Dib
sempre pede, ele cumpre a Lei Orgânica. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente, Sr.as e Srs.
Vereadores, eu sou um homem tranqüilo, eu sempre disse que leis não devem ser
confundidas com histórias em quadrinhos feitas em quantidade para agradar, mas
o Dr. Tarso Fernando vai embora, não teve nem tempo, ele pouco esteve na
Prefeitura, pois passou lá para tomar cafezinho, provavelmente, com o João
Verle, porque quem inventou o Projeto aqui do Ver. Haroldo de Souza - já no dia
16 de janeiro o Prefeito não estava em Porto Alegre -, foi o Prefeito em
exercício João Verle. O Prefeito em exercício disse que o Projeto de Lei, em
que pese o mérito da matéria ora analisada... Eu parei por aí, é o Prefeito que
está dizendo, com toda a sua assessoria, que o Projeto tem mérito e se tem mérito
deve ser equacionado, é procurar resolver, mas vamos trocar de posições, o
Prefeito assumiu a Prefeitura. O Prefeito, que veio aqui, jurou cumprir o
mandato integralmente. Não o fez. Não atendeu os Vereadores, porque, no dia em
que ele veio aqui, disse que cuidaria das crianças e dos menos assistidos, e o
Ver. Haroldo de Souza, com o seu empenho, com seu entusiasmo, com a sua força,
lá se foi: “Acho que tem de dar o que comer àqueles que não têm. É a grande
oportunidade. O Prefeito quer fazer, mas, como ele é muito atarefado, não chega
na Prefeitura, faço eu”, disse o Vereador. E o Vereador fez. E o Projeto
autorizativo poderia ter sido resolvido se houvesse um debate entre Executivo e
Legislativo buscando soluções. Mas não se consegue do Executivo. Mas eu tenho
experiência com alguns projetos autorizativos. Em 1978, eu era Secretário de
Obras e queria fazer pavimentação comunitária. Não havia lei que me
autorizasse. Eu fui olhar as leis e descobri uma de 1948, do Ver. Alberto
André, e eu já podia fazer pavimentação comunitária. Encontrei uma lei que
ninguém usou, mas que o Vereador tinha sensibilidade e sabia que poderia ajudar
a resolver. Mas eu também tenho mais experiência em projetos autorizativos,
depende de quem pede o projeto, Ver. Elói Guimarães, Presidente da Comissão de
Justiça. A Ver.ª Maria do Rosário apresentou um projeto autorizativo e foi
sancionado. Olha lá o Ver. Aldacir Oliboni, falando em Maria do Rosário,
ouriçou-se todo. Meus cumprimentos. Ela apresentou um projeto autorizativo para
fazer um monumento. Este Prefeito, que, naquele tempo, era Prefeito, estava
todos os dias na Prefeitura, sancionou o projeto autorizativo em Sessão Solene,
no Salão Nobre, e me cassou a palavra. Eu queria falar, Vereador da Cidade,
ex-Prefeito, cansei de usar aquele Salão Nobre como Prefeito, como Secretário
do Governo para receber pessoas, para receber o povo de Porto Alegre, mas não
deixaram o Vereador falar. Mas era um projeto autorizativo sancionado
solenemente. Então, em que pese a defesa brilhante que os Vereadores do PT
fazem, eu devo dizer que, quando é autorizativo do PT também serve. E eu sou
testemunha. Eu sou um indivíduo tranqüilo, que deixa as coisas acontecerem.
Depois, pode até cobrar, como o projeto autorizativo da Ver.ª Maria do Rosário,
sancionado em Sessão Solene, com imprensa. Só que, naquele dia, eu roubei a
festa do Prefeito, porque, quando ele me cancelou a palavra, antes de iniciar a
Sessão, eu levantei com a tranqüilidade de sempre e disse: “Sr. Prefeito, eu
quero pedir a V. Ex.ª a autorização para retirar-me deste local, onde eu recebi
muita gente, mas sempre deixei falar. Hoje, não deixam o Vereador falar, então
o Vereador se retira. E, ao me retirar, a imprensa, que estava lá para
registrar o fato do Projeto de Lei autorizativo sancionado por Sessão Solene,
música e flores, saiu atrás de mim para saber o porquê que estava bravo. Então,
o projeto autorizativo às vezes vale.
Como
me ensinou um dia o Ver. Say Marques - e eu sou contrário a projetos de lei,
nós não precisamos de leis, nós precisamos cumprir leis -, o Ver. Say Marques
me ensinou: “Deixa lá, não cumpre, mas daqui a alguns anos, como nos Estados
Unidos existe, aparece alguma coisa para o qual ele serve.” E quando eu li nos
jornais que estão oferecendo hotel a 1 real no Rio de Janeiro, eu vi que o Ver.
Haroldo de Souza tinha razão, que a Ver.ª Clênia Maranhão... eu já tinha dado
um parecer contrário ao Projeto dela, mas não sou mais realista do que o rei,
se lá eles fazem, aqui também dá para fazer.
Portanto
o Projeto autorizativo, se houvesse diálogo, se houvesse tratativas, ele não
aconteceria. Já que nós não temos condições de diálogo com a Administração
Municipal, os Vereadores têm de fazer projeto autorizativo mesmo, e vai levar o
meu voto, sem dúvida nenhuma. Saúde e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): A Ver.ª Maria Celeste está com a palavra
para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
A SRA. MARIA CELESTE: Sr. Presidente e Srs. Vereadores.
Lamentavelmente, durante toda esta tarde, ouvimos várias falas, vários
pronunciamentos que me trouxeram um pouco de tristeza frente a este Plenário.
Vários pronunciamentos, inclusive, desde a segunda-feira, com alguns adjetivos
bastante agressivos, com “blablablá” de alguns Vereadores, outros adjetivos
como neófitas às Vereadoras que antecederam a manifestação de um Vereador na
tribuna, como novatas, inexperientes, lamentável ouvir certos pronunciamentos
de Vereadores experientes. Por que eu digo isso e inicio com esta discussão o
Projeto do Ver. Haroldo de Souza? Porque aqui Sr.as e Srs., nós
somos Vereadores e Vereadoras de vários partidos e temos opiniões diferentes,
divergimos nas nossas ideologias. Agora, nós queremos ser respeitados nas
nossas manifestações aqui no Plenário, independente de ser Vereadora neófita ou
Vereador mais experiente. Eu não poderia me calar e queria iniciar esta
discussão aqui. Porque um Projeto de Lei importante como este que o Ver.
Haroldo de Souza traz para esta Casa, que tem mérito e que foi vetado, porque
tem problemas jurídicos - por isso ele foi vetado, porque tem a manifestação
jurídica dizendo da ilegalidade deste projeto. Então, quando se vem com a
argumentação, aqui nesta tribuna, se é taxada de Vereadora inexperiente, se é
taxada de Vereadora que só vem para o “blablablá”. Nós queremos fazer a
discussão aqui, sim, com respeito, com dignidade, que cada um dos Vereadores e
Vereadoras desta Casa merecemos neste Plenário. Por isso, eu quero expressar
que, lamentavelmente, na hora da discussão dos projetos, poucos Vereadores se
encontram no Plenário. Lamentavelmente, na hora de uma discussão importante de
um veto do Prefeito poucos Vereadores se preocupam em fazer o debate. E aí,
Senhoras e Senhores, acontece a falta do respeito. É muito lamentável isso estar
acontecendo aqui dentro desta Casa.
Quanto
ao Projeto, eu queria dizer que a preocupação do Vereador é correta em oferecer
alimentação mais barata. Mas nós temos de, além de oferecer alimentação mais
barata, oferecer à população uma alimentação balanceada. E será que há essa
preocupação no Projeto? E quando o Ver. Pedro Américo Leal vem a esta tribuna e
fala da questão do autorizativo e da questão de impor ao autorizativo data,
prazo legal, traz-nos um alerta; parece uma situação simples, um projeto simples,
mas não o é. Não o é.
Então,
por essa simplicidade de projeto, levanto outras preocupações simples, Ver.
Haroldo de Souza, uma ONG, aqui em Porto Alegre, abriu um restaurante popular,
iniciou suas atividades vendendo 1 real o prato do dia; depois passou para 1
real e 99 centavos porque não conseguia manter os custos; e, lamentavelmente,
faliu. O que nós queremos é que o Poder Público invista como no Rio de Janeiro.
Lá, a Prefeitura coloca 2 reais e 89 centavos em cada refeição, além do 1 real
que cada cidadão paga. Nós queremos que se abram restaurantes que não consigam
se manter? Que fechem? Que demitam seus funcionários, colocando-os na rua? É
isso que nós queremos, Srs. Vereadores?
E
aí nós ficamos discutindo a questão do veto do Prefeito, fazendo oposição por
oposição. Nós já sabemos aqui quais são os votos deste Plenário e, também, o
que irá acontecer na hora da votação. Mas eu não poderia deixar de vir a esta
tribuna e dizer da minha indignação com alguns Vereadores que têm total falta
de respeito, porque não conseguem fazer o debate. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Isaac Ainhorn está com a palavra
para discutir o Veto Total ao PLL n.º 023/01.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente José Fortunati, Sr.ª
Ver.ª Maria Celeste, Sr.as e Srs. Vereadores. Vim à tribuna, até, de
uma certa maneira, instado por V. Ex.ª, porque sou daqueles Vereadores que
gostaria que os projetos fossem mais discutidos nesta Casa. Eu digo com toda a
tranqüilidade, Ver.ª Maria Celeste, que quero este debate bem franco. E
gostaria de dizer-lhe que V. Ex.ª tem granjeado para o seu trabalho uma grande
respeitabilidade aqui nesta sua estada, em seu mandato de um ano e três meses,
e V. Ex.ª terá muito o que fazer dentro desta Casa. V. Ex.ª está iniciando um
mandato, a exemplo do Prefeito Tarso Genro, mas V. Ex.ª não está fatigada do
mandato. V. Ex.ª está com vontade de exercer o mandato e o Prefeito Tarso
Genro, o seu Prefeito, perdeu o gosto pelo mandato. Ele não gosta de Legislativo,
que eu sei! Ele não gosta do Poder Legislativo, porque ele gosta de mandar! E o
Poder Legislativo não proporciona isso! O Poder Legislativo é um Poder mais
fragilizado; é o Poder das idéias, é o Poder do debate. Veja, V. Ex.ª diz que
não se discute os projetos, no entanto, o Partido de V. Ex.ª, aqui, nesta Casa,
sempre procurou enxugar o debate, reduzindo-o. Participou do processo de
redução dos tempos de discussão dos projetos. Pelo Partido de V. Ex.ª, o
Projeto entrava aqui, nem precisava ser discutido, agora, com um pré-requisito,
um ponto: desde que o Partido de V. Ex.ª tivesse maioria nesta Casa. Como o
Partido de V. Ex.ª é minoria, hoje, e uma minoria que tem perdido todos os
projetos, excepcionalizando aqueles de interesse da Cidade, como foi, por
exemplo, o das estações de radiobase, em torno do qual esta Casa se uniu na
defesa dos interesses da comunidade e pressionou o Prefeito, inclusive, a
mandar um projeto melhor para esta Casa, um projeto mais qualificado. Tivemos
um debate com uma participação popular muito grande nesse processo, de baixo
para cima, não esse processo autoritário, estatizante, que o Partido de V. Ex.ª
comanda, por meio do Orçamento Participativo, e propaga pelo mundo inteiro, por
intermédio dos canais, a exemplo do que o MST está fazendo, indevidamente, em
território do Oriente Médio, fazendo mídia, marketing
- e nisso o Partido de V. Ex.ª é especialista! Mas a população está se
dando conta, a população está observando o que está acontecendo! Como o Ver.
Fernando Záchia denunciou, aqui, que o Prefeito deu a sua palavra no sentido de
que cumpriria os quatro anos de mandato e não os cumpriu! E veta um projeto
como este.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Vereador, V. Ex.ª me enseja um aparte que penso ser oportuno.
Reclama-se muito aqui que os assuntos não são discutidos. Este Projeto que
estamos reafirmando, hoje, aqui, foi examinado por quatro ou cinco Comissões na
Casa; foi, posteriormente, discutido aqui, e tive a oportunidade de levantar
este dado, vinte e um Vereadores discutiram a matéria, nove encaminharam a
votação, agora foi objeto de veto, foi mais uma vez reexaminado nas Comissões.
Quer mais debatido do que isso, Excelência?
O SR. ISAAC AINHORN: Dentro dos limites que é possível.
O Sr. Reginaldo Pujol: Quer mais debatido do que isso? Qual é o
desinteresse que nos reclamam nesta hora? O desinteresse de não ficar enchendo
morcilha, protelando uma decisão sabidamente madura? Nós queremos é desobstruir
a Pauta e ensejar discussão dos outros temas que o Executivo enviou para a Casa
agora, serodiamente, e que nós queremos enfrentar.
O SR. ISAAC AINHORN: Eu encerraria, Sr. Presidente, dizendo
que a manifestação da Ver.ª Maria Celeste, que merece toda a consideração de
minha parte, como uma combativa Vereadora, e o é, e por ser uma Vereadora
combativa é que ela veio aqui na tribuna e faz aquilo que, em Direito, nós
chamamos de jus espernianti. Ela sabe
que vai ser derrotada mais uma vez, e que há uma oposição consciente nesta
Casa, que não vai permitir que aconteça o que está acontecendo nesses anos de
equívocos na Administração, sobretudo nessa Administração que não existe, que é
a Administração Tarso Genro.
Felizmente,
neste Projeto o Prefeito vai ter o Veto derrubado, porque nós estamos
autorizando o Projeto de Lei do Ver. Haroldo de Souza que propõe a criação de
um restaurante popular, que tem sido bom, as experiências têm mostrado que é
positivo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Estilac Xavier está com a palavra
para discutir o PLL n.º 023/01, com Veto Total.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati, Sr.as
Vereadoras e Srs. Vereadores, Zero Hora,
3 de abril de 2002, matéria: “Tarso é agraciado com a Medalha da Fundação
Getúlio Vargas. O Prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, receberá, no dia 15,
no Rio, a Medalha do Mérito da Administração, concedida pela Congregação da
Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas.”
Tarso
Genro agraciado e reconhecido nacionalmente como Administrador.
Mas
o assunto é o Veto.
O
Vereador Haroldo de Souza, que pediu para eu fazer confirmações de conversas
que tivemos, não está aqui para me ouvir. Desculpe, Vereador, vejo agora que V.
Ex.ª está sentado na Bancada do PPB e está me ouvindo.
Eu
vou, rapidamente, expor o seguinte: havia dois projetos aqui, um do Ver.
Aldacir Oliboni e outro do Ver. Haroldo de Souza, e ambos disputavam autoria. O
que, aliás, não é fato novo nesta Casa...
(Aparte
anti-regimental.)
O SR. ESTILAC XAVIER: Existe versão diversa, Ver. João Bosco
Vaz – aí, eu vendo o dilema dos dois Vereadores, soube que havia possibilidade
de eles conversarem, e foi isso que eu fiz.
Eu
quero dizer mais: o Ver. Aldacir Oliboni, por exemplo... E aí existe uma crítica
aqui, que é errada, que diz que, se o projeto não é de autoria do PT, o Governo
não o resolve; e, se é autorizativo, do PT, vale. Não é verdade. Houve projetos
que, inclusive, por uma questão de procedimento que nós não conseguimos
acordar, penalizaram um projeto do Ver. Aldacir Oliboni, membro da nossa
Bancada. O Ver. Adeli Sell, a Ver.ª Helena Bonumá...
Eu
quero alertar a população que nos houve sobre o fato de que aqui se diz muita
coisa. Mas vamos saber da validade dessas coisas que são ditas. Por exemplo: o
Ver. Isaac Ainhorn tem se jactado aqui da oposição conseqüente, que agora está
unida. É a oposição contra a Cidade. É a oposição contra Porto Alegre. Porque
uma oposição que quisesse ser de estatura não faria tanto festejo em cima de
matérias que, do meu ponto de vista, não revelam a grandeza que a oposição tem
nesta Casa. Vejam só: a grande batalha e vitória da oposição com o Governo; o
Governo vetou o Projeto autorizativo do Fundo de Crédito aos Universitários,
porque não é da competência do Município, e aí vem o Ver. Isaac Ainhorn e
brada: “Nós somos, agora, grande oposição.” Era um projeto autorizativo.
Depois, a própria oposição veio e vibrou com a derrota do Veto ao Projeto da
Ver.ª Clênia Maranhão sobre o impacto econômico. Um projeto alternativo,
tributário ou social era a recomendação.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Como Vereador de oposição, eu não vou aceitar a crítica que V. Ex.ª
faz aos 21 Vereadores de oposição, no sentido de que não têm estatura. Esta
oposição tem estatura moral, pode não ter estatura física, Vereador, mas tem
estatura moral; inclusive alguns têm estatura moral e física.
O SR. ESTILAC XAVIER: Ao contrário, se V. Ex.ª quer fazer algum
dissídio entre este Vereador e os demais... Quem está atento, ouviu eu dizer
que os procedimentos em relação a esses vetos não estão à altura da grandeza da
oposição desta Casa. Eu lhes concedi uma estatura e uma distinção que só alguém
que reconhece a diferença e é democrático pode fazê-lo, ao contrário de
desmerecer ou vir com essa tentativa diversionista que V. Ex.ª propôs na sua
intervenção. Depois, hoje, nós estamos discutindo o Veto ao Projeto de criação
do Restaurante Popular. Ora, nós já pedimos a retirada do Projeto do Ver.
Aldacir Oliboni, porque também era autorizativo, por que haveríamos de fazer
distinção ao Projeto do Ver. Haroldo de Souza? É evidente que tem mérito, mas
sobre o mérito, nós estamos tratando de procedimentos. Não se pode ser oposição
contra a Cidade. Há um veto que, por exemplo, nós queremos muito discutir com o
seu autor, porque é de interesse público profundo, que é o Veto feito ao
Projeto de autoria do Ver. Dr. Goulart sobre o médico socorrista. Esse assunto,
de fato, incide sobre a vida das pessoas em Porto Alegre, aí a nossa Bancada
vai discutir com o Prefeito João Verle e vai tentar compor uma forma de
resolver este Veto aqui, isso é uma maneira séria de ver a questão. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Encerrada a discussão. Em votação o PLL
n.º 023/01. O Ver. Marcelo Danéris está com a palavra para encaminhar o PLL n.º
023/01.
O SR. MARCELO DANÉRIS: Sr. Presidente, Ver. José Fortunati,
Srs. Vereadores, Ver. João Bosco Vaz, Sr.as Vereadoras e os que nos
acompanham aqui pela TV Câmara. Nós temos proposto, desde o início deste ano -
e se confirma pela conduta que tivemos no ano passado nesta nova Legislatura -,
a possibilidade e a capacidade que temos, como homens e mulheres públicos que
exercem os seus mandatos legitimamente eleitos de Vereador, de fazer um debate
construtivo em torno de projetos que coloquem o interesse da população acima de
interesses partidários ou de momentos eleitorais. Nós temos eleições ano sim,
ano não, e a população de Porto Alegre, assim como a população do Brasil, em
cada Município, em cada Estado, não pode ficar refém de uma lógica eleitoral.
Ela tem de estar salvaguardada pela vontade democrática de se construir
soluções, projetos que melhorem a vida da população e não que estabeleçam uma
relação de quem tem maioria ou aprova ou derrota a todos. Este Projeto do Ver.
Haroldo de Souza, nós temos falado desde o início – e quero chamar atenção para
a coerência com que tratamos esse debate, inclusive com o nosso companheiro de
Bancada, Ver. Oliboni, de que nós temos possibilidade de construir
coletivamente com o Executivo, a partir de idéias que surjam no Legislativo.
Quero dar um exemplo, Ver. Dr. Goulart: as idéias sobre as ERBs, Ver. Juarez
Pinheiro, surgem da vontade da comunidade que passa pelo Legislativo. O
Executivo, sensível a isso, com capacidade de diálogo e capacidade democrática,
constrói, em conjunto com o Legislativo e comunidade, o Projeto que nós
aprovamos no início deste ano. Esta é uma forma democrática, que preserva
oposição e situação, preserva argumentos de construir soluções para a Cidade e
que coloca o interesse público acima da disputa partidária e do ano eleitoral.
A mesma coisa acontece com este Projeto, pois é óbvio que ele tem mérito. Mas,
como nós podemos fazer para que ele tenha, além de toda a sua estrutura legal
adequadamente colocada – e como o Ver. Pedro Américo Leal bem colocou aqui, ele
autoriza, mas depois ordena, ele sugere, mas depois manda – como é que a Câmara
de Porto Alegre, junto com o Executivo e a comunidade, que também precisa
disso, pode solucionar isso? Com a possibilidade de construir, em conjunto, a
partir de uma proposta do Executivo, uma solução na questão do restaurante
popular. E essa solução foi colocada pelo Secretário da SMIC e por outros Secretários,
com o centro de Governo e com a própria vontade do Prefeito Tarso, de fazer o
projeto do restaurante popular em conjunto, por exemplo, com o pessoal da
produção primária. Fazer um projeto integrado e integrador. Esse Projeto
possibilita o acesso e a capacidade de construção coletiva, que coloque a
produção primária, à vontade da comunidade, à vontade do Legislativo e à
disposição do Executivo uma solução melhor do que apenas aprovar um projeto
autorizativo, que tem uma série de vícios legais e, depois, derrubar o veto,
única e exclusivamente baseado na lógica de que se temos uma oposição em número
maior, vamos derrubar todos os vetos.
E
aqui eu já tratei dos vetos. Foram duzentas e cinqüenta e duas proposições no
ano de 2001, entre tudo, projetos, homenagens e tudo mais, dessas, quinze foram
vetadas. Isso significa que apenas 7% das proposições que saem desta Câmara
foram vetadas pelo Executivo. Isso demonstra nenhuma intransigência e nenhum
autoritarismo, mas, sim, a capacidade de construir conjuntamente com o
Legislativo. Desses 7% nós vamos ter, quem sabe, 90% dos vetos derrubados,
independente do mérito. E é esse alerta que queremos colocar, que é um alerta
em torno da cidadania porto-alegrense, e que coloca o interesse público acima
das nossas legítimas democráticas disputas partidárias e eleitorais. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): Em votação nominal o PLL n.º 023/01.
(Após a apuração nominal.) APROVADO por
20 votos SIM, 08 votos NÃO e 01 ABSTENÇÃO, considerando-se rejeitado o Veto a ele aposto.
(discussão: todos os
Vereadores/05minutos/com aparte;
encaminhamento: autor e bancadas/05
minutos/sem aparte)
PROC.
1008/01 – VETO PARCIAL ao PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 036/01, de autoria do Ver. Sebastião Melo, que
determina que o Executivo Municipal de Porto Alegre disponibilize aos
Vereadores senha de acesso aos sistemas eletrônicos de controle orçamentário da
despesa e de pessoal, no âmbito das administrações direta e indireta do
Município.
Parecer:
- da CCJ. Relator Ver. Luiz Braz: pela rejeição do Veto Parcial.
Observações:
-
para aprovação, voto favorável da maioria absoluta dos membros da CMPA – art.
77,
§
4º, da LOM;
-
votação nominal nos termos do art. 174, II, do Regimento da CMPA.
Na apreciação do Veto, vota-se o Projeto:
SIM – aprova o
Projeto, rejeita o Veto;
NÃO – rejeita o
Projeto, aceita o Veto.
-
Trigésimo dia: 16.3 – Sábado.
O SR. PRESIDENTE: Em discussão o PLL n.º 036/01, com Veto
Parcial. (Pausa.)
Há
um Requerimento de autoria do Ver. Sebastião Melo, solicitando que seja votado
em destaque o inc. II, do § 2.º, do art. 1.º, do PLL n.º 036/01. (Pausa.) Os
Srs. Vereadores que o aprovam permaneçam como estão. (Pausa.) APROVADO.
O
Ver. Estilac Xavier está com a palavra para discutir o PLL n.º 036/01, com Veto
Parcial.
O SR. ESTILAC XAVIER: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, são
17h48min, e estamos aqui discutindo o Veto do Prefeito ao Projeto do Ver.
Sebastião Melo. O Ver. Sebastião Melo tem sido atento às questões regimentais,
mas há uma em particular. Esta lei que determina que o Executivo disponibilize
senhas de acesso ao sistema eletrônico, ao sistema orçamentário, foi elemento
de negociações com o Vereador. E nós poderíamos ter chegado a um bom termo, mas
as negociações não prosperaram. O Vereador aprovou essa matéria sobre o rito do
art. 81 do Regimento, se não me engano. Há dois dispositivos da Lei que foram
vetados. O Vereador quer que seja informada a totalidade da receitas e despesas
da execução orçamentária, discriminados por órgãos, especificação, projeto,
atividades, desdobramentos, elementos e categorias econômicas com
especificações. O Ver. Sebastião Melo talvez não tenha noção do que significa
isso na Administração Pública, o montante, o volume que significa. Evidente, o
Ver. Sebastião Melo não foi Governo aqui no Município, seu Partido foi Governo
do Estado, no tempo do ex-Governador Antonio Brito, mas ele não participou do
Governo. Faço essa ressalva, pois sei que é importante na trajetória do
Vereador. Mas ele, por esta falta de convivência com a matéria, está pedindo
acesso às informações de toda a Administração Centralizada, fundacional,
autárquica, ou não, averiguação de qualquer documento. E são volumes e volumes
de documentos. Mas ele quer mais, ele pede, Ver. João Antonio Dib, o acesso aos
valores empenhados, liquidados e pagos referentes aos exercícios em curso e aos
anteriores com especificação individualizada do credor, valor pago e data do
pagamento. Não pode! É ilegal fazer isso! O Vereador sabe que esta matéria,
segundo a demonstração do nosso Prefeito, é ilegal. Sei que ele tem o
entendimento de que a qualquer matéria pública deve-se ter acesso. Eu digo que
não. Talvez ele até concorde com esse aspecto: o fisco, o tributo, eu não posso
adentrar - e nós já tivemos essa divergência, para saber qual é o IPTU lá do
Ver. Pedro Américo Leal, do Ver. João Antonio Dib. E começar a pesquisar, mas
quantos imóveis tem aqui e lá quanto é que paga? Quantas empresas estão
faturadas? Quantas não estão? Eu acho que isso não pode. Eu acho que isso está
correto no Veto do Prefeito.
O Sr. João Antonio Dib: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Estilac Xavier, eu aprecio os números da Prefeitura nos
seus balancetes. Eu gostaria que a Prefeitura me explicasse como é que no mês
de fevereiro só colheu 2 milhões de reais de IPTU. E aí, como a Prefeitura
nunca fala a verdade, não esclarece, tem que acontecer essas coisas: 2 milhões
de IPTU e 1 milhão e 200 de taxa de lixo, ela recolheu em fevereiro.
O SR. ESTILAC XAVIER: O Ver. João Antonio Dib é um homem
inteligente, ele acaba de usar o que se chama onomatopéia. Prefeitura não fala,
Prefeitura é uma instituição, quem fala são seus governantes. Então, Vereador,
me perguntar por que é que estão lançando 2 milhões ou não, no que contribui
esta matéria para o assunto que estou tratando aqui? V. Ex.ª teria que me
dizer: olha, porque não tenho conhecimento de tal valor e desconfio que ele não
seja exato, eu quero saber os valores empenhados, liquidados e pagos referentes
a esses incursos aos exercícios anteriores com especificação individualizada do
credor, valor pago e data de pagamento. Então, eu lhe dou o aparte de novo,
Ver. João Antonio Dib, para que V. Ex.ª me elucide, porque eu estou convencido
e achei, inclusive, quando V. Ex.ª fazia o aparte, que V. Ex.ª também entendia
que nós não podemos expor o credor e o volume de informações. Eu gostaria de
saber a sua opinião, eu concedo a V. Ex.ª, sincera e honestamente, o aparte sobre
esse aspecto do Projeto.
O SR. PRESIDENTE (José Fortunati): O Ver. Marcelo Danéris se inscreve e cede
o seu tempo ao Ver. Estilac Xavier.
O SR. ESTILAC XAVIER: E eu concedo o aparte ao Ver. João
Antonio Dib. Obrigado, Ver. Marcelo Danéris.
O Sr. João Antonio Dib: Nobre Ver. Estilac Xavier, eu sou grato
pela atenção de V. Ex.ª. Mas eu quis dizer que a Prefeitura omite dados. De
repente, tem que pedir tudo, porque ela não dá nada. Eu não posso entender que,
no mês de fevereiro, quando o IPTU é pago com 10% de desconto, só 2 milhões
entrassem lá. Isso me leva a fazer ilações, as que eu quiser, porque a
Prefeitura está escondendo dados, pode ter certeza!
O SR. ESTILAC XAVIER: Ver. João Antonio Dib, a imaginação e a
capacidade de fazer ilações não tem medida, ela pode ser feita, mas não se
resolve por isso aqui. V. Ex.ª percebeu que nós estamos com esta lei abrindo
todos os credores da Prefeitura ao uso de boa-fé e ao uso de má-fé? Isso é que
eu quero colocar aqui aos Vereadores. A que serve esse instituto? Eu vou dizer
o seguinte: não faltarão Vereadores que depois vão ter aqui encontro com
credores da Prefeitura, empresas que trabalham, reclamando dessa abertura.
Aliás, eu creio que é inconstitucional. E por ser assim, certamente, ao Veto se
seguirá uma ação de declaração de inconstitucionalidade.
Segunda
questão, Ver. João Antonio Dib: as receitas deverão ser apresentadas por
espécie, bem como as despesas com pessoal. Com remunerações individualizadas,
manutenção e investimento. O Prefeito vetou. Mas o que queria originalmente o
Ver. Sebastião Melo? Faço uma ressalva, ele disse que vai aceitar o Veto nesse
dispositivo, mas eu vou justificar por que o Prefeito vetou. Ele vetou porque
não pode – eu sei até que o entendimento do Ver. Sebastião Melo é diferente, mas
ele diz que vai acatar -, abrir as folhas de pagamento dos funcionários, saber
quanto ele desconta para “a”, para “b”, as pensões alimentícias, ou não se têm
despesas médicas. É o que significaria se esse dispositivo for aprovado.
Seguramente, não é Ver. Sebastião Melo, tanto que V. Ex.ª embora de mérito
tenha discordância, mas está aceitando, pela política, provavelmente.
Então,
Ver. João Antonio Dib, eu estou usando o mesmo critério para os dois casos.
Talvez um deles nos pareça mais certo de ser aceito. Não vamos pôr os
funcionários e suas folhas. Muito bem. Mas isso é certo para preservar a
individualidade dos funcionários, também é certo para os valores empenhados das
empresas contratadas pela Prefeitura. E o Prefeito quando arrazoou aqui ele faz
essa consideração. Ver. João Antonio Dib, V. Ex.ª sabe melhor do que eu, aliás
é nosso mestre nisso de que existem vários dispositivos que estão à disposição
dos Vereadores, sejam eles por processo legislativo, seja até judicial, o Ver.
Sebastião Melo há poucos dias teve uma vitória, das várias tentativas que ele
fez, que foi a exposição dos documentos em relação aos custos do Fórum Social
Mundial. Na medida em que ele fez, poderia fazer pelo processo legislativo; fez
pelo processo judiciário, a disposição de documentos. Além disso, há uma
operação, porque já disse que o sistema que temos na Prefeitura, tudo que está
aqui pedido pelo Ver. Sebastião Melo é acessível e decodificado hoje, tudo. Só
que o sistema não é amigável, para quem entende a linguagem do que estou
falando, sabe do que estou tratando. Sistema não-amigável, quer dizer, não
adianta chegar nele e acessar e achar que os números ordenem-se. Agora, vocês,
números organizem-se na forma dos valores empenhados, líquidos e pagos
referentes ao exercício em curso e faça a tabela dos exercícios anteriores com
as especificações individualizadas do credor, valor pago e data. Não tem essa
informação organizada assim. Por isso que é recomendável para esta Casa que se
aceite esse Veto. Isso aqui é uma exposição desnecessária e que os Vereadores
podem ter essas informações plenamente se tiverem dúvida sobre qualquer ação,
qualquer procedimento. Estamos sustentando que se mantenha o veto um e dois dos
dispositivos do Prefeito vetados. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Sebastião Melo está com a palavra
para discutir o PLL n.º 036/01, com Veto Parcial.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Sr. Presidente em exercício da Casa Ver.
Paulo Brum. Colegas Vereadoras e Colegas Vereadores. Tenho para mim que as
questões técnicas estão sempre subordinadas a uma questão política e nesse veio
quero começar a sustentação desse Projeto. Acho que o Partido dos Trabalhadores
tem tido ao longo desses doze anos um discurso de muita transparência no exercício
da atividade pública, tão transparente que chegam ao ponto de prestar constas
em praça pública, as vezes contratando até conjuntos de fora do Estado para
atrair pessoas às suas prestações de contas. Esse Governo fala em transparência
todos os dias, todas as horas e em espaços nobres pagos com o dinheiro do povo.
Então, se esse Governo fala em transparência, esse Governo deveria ser o
primeiro a vir para esta tribuna para dizer... Nós, no estágio que estamos da
tecnologia, ligados com o mundo, a Câmara com um bom sistema de informática,
vem-me falar o Líder do Governo que tem muito papel. Então ele não entendeu o
Projeto, porque o Projeto é para acabar com o papel e para trazer para o mundo
da informática, informações necessárias para o trabalho do Vereador. Nós
propomos esse Projeto, Ver. João Antonio Dib, com o fito de que esta Casa possa
fazer aquilo que o povo já disse nas urnas: fiscalizar com mais eficiência o
Poder Executivo. Não é para fazer vindita, Ver. Elói Guimarães. Eu tenho, no
meu gabinete, hoje, uma resposta, em que só não dei a nominação dos devedores,
mas, juntando a dívida ativa, envolvendo o ISSQN e o IPTU, 700 milhões de reais
tem de dívida ativa este Município! Mas será que era necessário eu fazer um
Pedido de Informações, esperar quarenta dias, a Prefeitura pedir quinze de
adiamento para responder, se eu tenho o direito, como cidadão, como
contribuinte, de ir lá, examinar e ver quem deve e quem não deve? Mas a
Constituição cidadã estabeleceu, dizendo que o cidadão tem direito ao acesso às
contas públicas. E vem aqui o Ver. Estilac Xavier dizer que o Vereador não pode
saber quem pagou, quanto pagou e em que data? Então, eu começo a desconfiar que
estão pagando alguma coisa errada. E estão pagando em data errada, porque eu
imagino que a Contadoria da Prefeitura sabe para quem pagou, o que pagou e em
que data pagou. Eu não concordo com a questão de mérito. Eu acho que o Vereador
tem direito a ter acesso a todos os salários dos servidores. Mas eu, no fruto
de uma discussão, pedi destaque para dizer que - sou o primeiro, não porque
recuei da questão de mérito - vou pedir aos meus pares que aceitem o Veto do
Sr. Prefeito no que diz respeito à questão dos funcionários, Ver. Elói
Guimarães. Continuamos com a mesma posição: achamos que não há nenhum excesso
por parte de um Vereador ter acesso a toda e qualquer conta da Prefeitura,
inclusive dos funcionários. Mas eu pedi destaque dessa matéria para que seja
aceito o Veto. Mas, quando o Sr. Prefeito veta dizendo: (Lê.) “Os valores
empenhados, liquidados e pagos referentes ao exercício em curso e aos
exercícios anteriores, com especificação individualizada do credor, valor pago
e data do pagamento...” Ver. Isaac Ainhorn, o que eu estou pedindo de mais? Eu
estou querendo saber o que a Prefeitura pagou, para quem pagou, em que data
pagou. A questão de fundo é a contradição do discurso, na questão técnica não
há nenhum problema. Não adianta trazer um sistema desorganizado, a senha deve
ser acompanhada de uma página disponível aos Vereadores que atenda a esses
dispositivos que a lei está determinando. Que a ela você possa entrar e ver
quanto arrecadou de ISSQN, quanto arrecadou de IPTU, quanto pagou neste mês,
qual foi o gasto com o pessoal. Isso é o mínimo que se espera de um governo que
fala em transparência todos os dias e todas as horas.
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Ervino Besson inscreve-se e cede o
seu tempo ao Ver. Sebastião Melo. V. Ex.ª, Ver. Sebastião Melo, dispõe de mais
cinco minutos para a sua manifestação.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Eu estou aqui buscando construir uma alternativa, o que,
infelizmente, a bancada petista não está fazendo. A bancada petista fica no
maniqueísmo: ou vota a favor ou contra. Eu até tenho uma sugestão. Como se
trata de um veto parcial, a três incisos, eu indago a V. Ex.ª se no inciso que
fala dos funcionários...
O SR. SEBASTIÃO MELO: Já pedi destaque, Vereador, para aceitar
o Veto do Sr. Prefeito.
O Sr. Isaac Ainhorn: V. Ex.ª já pediu destaque? Para manter a
privacidade quanto ao nome dos funcionários públicos e seus vencimentos.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Já pedi. Este Vereador vai pedir para os
nobres pares aceitarem esse Veto.
O Sr. Isaac Ainhorn: Importante essa manifestação de V. Ex.ª.
Vou dizer uma coisa: na Lei Orgânica existe um dispositivo que diz que se tem
de expor aqui todas as despesas com o nome e a quem foi feita, e mensalmente
todas as despesas são afixadas num mural em frente à Câmara Municipal. Não
causa nenhum mal, Ver. Estilac Xavier, não causa nenhum mal. Se V. Ex.ª descer
ao térreo, no mural vai encontrar, por ordem da Lei Orgânica, mensalmente
apresentadas, todas as despesas feitas na Câmara Municipal, a quem foi pago, e
o valor. Está ali, talvez as pessoas não venham ver. Agora se V. Ex.ª está
pedindo destaque em relação aos funcionários públicos - o nome dos funcionários
e os seus vencimentos -, eu acho que já é uma contribuição. E a Bancada do PT
teria que ser sensível a isso, mantendo o Veto ao inciso destacado, derrubando
o outro. Eu acho que chegamos ao entendimento.
O SR. SEBASTIÃO MELO: Muito obrigado. Exatamente eu solicitei
esse destaque, fruto da discussão da oposição. Nós discutimos essa matéria
exaustivamente, não tínhamos consenso em relação a ela. Portanto, em nome do
coletivo, pedimos destaque à matéria para atender a essa questão. Agora, não se
justifica que o Vereador, e não é o Vereador de oposição, mas que o cidadão não
possa ter acesso, evidentemente, aos valores pagos e empenhados pela
Prefeitura. Sobre essa questão, eu tenho um entendimento: por mais que, às
vezes, os meus fraternos adversários no campo das idéias coloquem que este
Vereador tem sido um ferrenho oposicionista, não, eu tenho lutado sempre por
aquilo em que acredito e a favor da nossa Porto Alegre. Eu não acredito em um
processo legislativo quando ele não está dotado para, efetivamente, exercer o
seu papel. Eu penso que o povo, ao delegar um mandato a um Vereador, a um
Deputado, a um Senador ou a um Deputado Federal, não basta dar-lhe o mandato,
tem de dar-lhe as condições para que ele possa, em nome da população, exercer
esse mandato. Esta Casa avançou muito, ao longo do tempo, mas recuou em muitas
outras coisas, estando muito aquém do desejo de uma estrutura mínima. Então,
quando nós temos Comissões da Casa onde há um computador, que é para cadastrar
os processos, e quando você precisa dele para redigir uma outra matéria, você
não tem computador. E quando você tem uma comissão da Casa que não pode ligar
para fora, e quando você tem uma comissão da Casa que você não tem scanner para escanear os documentos
necessários, quando você tem uma comissão de Orçamento, que você não tem como
acompanhar o Orçamento, porque você não tem uma senha para responder se,
efetivamente, os dados que o Prefeito coloca no balanço estão corretos ou não,
porque não tem como acompanhar... Então, como exercer o mandato com eficiência
dessa forma? Fazer de conta que está exercendo o mandato? Com discursos vazios,
sem fundamentações? Esse processo não me agrada, de maneira nenhuma. Eu penso
que o Poder Legislativo precisa atualizar-se, precisa ter as condições
necessárias para, efetivamente, fazer. Ser propositivo é o seu papel, mas, além
de ser propositivo, ele tem de ser fiscalizatório também. Este Projeto é
extremamente simples. É verdade que existe a página da PROCEMPA, Ver. Estilac
Xavier, mas ela é indecifrável para o manuseio diário. O que nós estamos
querendo, Ver. Ervino Besson, é estabelecer uma senha que efetivamente atenda o
dia-a-dia das despesas, das receitas, das arrecadações, da dívida ativa do
Município, dos autos de infração, de todas as suas áreas.
Então,
eu queria mais uma vez dizer que, em nome desse entendimento, eu pedi destaque
ao inciso II e peço aos meus pares que ele seja aceito porque ele diz respeito
à questão da individualização dos salários, mas sustento aqui que o inciso I do
art. 2.º deve ser mantido, porque ele é plenamente exeqüível e está
perfeitamente em sintonia com a Constituição, com a Lei Orgânica, com a
cidadania, com a transparência e com aquilo que prega a bancada governista.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. João Antonio Dib está com a
palavra para discutir o PLL n.º 036/01, com Veto Parcial.
O SR. JOÃO ANTONIO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu juro
que não sou jurista, mas também juro que sou atento e observador. Eu não me
preocupo com a manifestação de profundo saber da douta Procuradoria Municipal,
que pode, de repente, envolver os menos cautelosos. O Prefeito veta
parcialmente o Projeto de Lei do Ver. Sebastião Melo, e todos nós concordamos
que ao inciso II deva ser aceito o Veto, porque realmente ele incorreu num
erro: nós não podemos tomar conhecimento da remuneração individualizada dos
servidores municipais, é ilegal. Nós todos sabemos disso. De repente, acontece.
Mas a nossa preocupação de ter as informações de uma prefeitura que esconde
tudo, é muito grande. Há alguns anos, o Dr. Odir Tonollier, Secretário da
Fazenda, ou outro, antes dele, não sei, são tantos que passam por lá, declarava
nos jornais - eu leio os jornais todas as manhãs, e a memória é muito boa - que
a arrecadação do IPTU de janeiro seria 5% superior a do ano anterior, e depois
colocou no balancete do mês de janeiro que arrecadaram 11 milhões e meio. E eu
perguntei onde é que estavam os 40 milhões que estavam faltando, se estavam a
juros no sistema financeiro e em nome de quem. Porque arrecadaram 50 e
apresentaram 11 milhões e meio. Então, esses são os homens que não têm
transparência, mas sabem ler textos jurídicos que nos deixam até meio
preocupados. O que o Ver. Sebastião Melo quer saber são os valores empenhados,
liquidados e pagos referentes ao exercício em curso e aos exercícios
anteriores, com especificação individualizada de credor, valor pago e data do
pagamento. Não tem nada de mais. No tempo do autoritarismo, como diziam aqui os
doutos da Bancada da Frente Popular, nós não fazíamos obras de porte sem
aprovar na Câmara Municipal. Então, nós dizíamos quanto era, quanto custava,
como é que foi feita a concorrência, não era nada escondido de ninguém. Agora
querem esconder. Então, os doutos lá da Procuradoria me trazem textos que se
nos distrairmos pensamos que são verdade, que está-se aplicando o que propõe o
Ver. Sebastião Melo. Mas não é verdade. Não tem nada que ver com o que está
acontecendo. Aqui, diz o jurista, não sei qual deles, porque eles não me
disseram quem é também, não, ele apenas colocou o art. 198 do Código Tributário
Nacional. “Sem prejuízo do disposto na legislação criminal, é vedada a
divulgação, para qualquer fim, por parte da fazenda pública ou de seus
funcionários, de qualquer informação obtida em razão do ofício, sobre a
situação econômica” - eu não estou pedindo a situação econômica da empresa,
preciso saber se pagaram para ele ou não, e quanto pagaram, já que o contrato
deveria ser trazido ao conhecimento da Casa do Povo. O povo tem de saber. Isso
não é escondido, esse é um valor público. Quero saber se pagaram ou não
pagaram. Não quero saber a situação econômica.
Porque,
de repente, pagaram e o indivíduo faliu, não soube gerir os seus negócios.
Então não me venham ler coisas aqui como se fosse diferente. Quer dizer, não
sou jurista, como eu jurei, mas tenho bom senso e tenho algum conhecimento.
Então, não é para saber a situação econômica ou financeira dos sujeitos
passivos ou de terceiros e sobre a natureza do estado de seus negócios. Eu não
quero saber dos seus negócios. Quero saber se pagaram, quanto pagaram e quanto
estão devendo. Eu quero saber sobre a Prefeitura. Sobre esta eu tenho direito
de saber, eu tenho o dever de saber o que está acontecendo lá dentro, mas eles
escondem. E aí trás aqui mais ainda, o Sr. Rui Barbosa Nogueira, em curso de
Direito Tributário: ”De outro lado, para garantir aos contribuintes contra a
divulgação de segredos ou interesses”. Mas, pelo amor de Deus, o contrato é
público! Não tem segredo, não tem interesse. Nós precisamos saber se a
Prefeitura cobrou ou não cobrou. E quanto é que pagou. Claro que não vou ficar
sabendo se cobraram alguma propina, não dá para saber. E nem estou insinuando
que isso aconteça. O que eu quero saber é quando é que pagou, quanto pagou e
quanto falta pagar. Nada de mais! É isso que o Ver. Sebastião Melo quer. No
mais, nós concordamos com toda a tranqüilidade. Nós não podemos e nem queremos
saber quanto os funcionários ganham, sabemos que eles ganham muito pouco. Saúde
e paz! Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Paulo Brum): O Ver. Adeli Sell está com a palavra
para discutir o PLL n.º 036/01, com Veto Parcial.
O SR. ADELI SELL: Ver. Paulo Brum, Presidente desta Sessão,
Sr.as Vereadoras e Srs. Vereadores. Neste final de tarde de
quarta-feira há muita discussão, muita discussão, mas ainda pouca solução. Mas
nós chegaremos lá. Vetos! Há dois tipos de Vetos: Veto Total quando o Executivo
diz que é impossível, ilegal, inconstitucional, contra o interesse público,
acabou a história, pronto, não aceita. E volta para Câmara. A Câmara discute e
derruba ou não derruba o Veto.
Agora
estamos diante de outra situação: os discursos da chamada oposição aqui foram
todos numa linha – para quem está assistindo à TV Câmara e nas galerias, pois a
impressão que se tem é de que o Prefeito quer que a Prefeitura seja uma
verdadeira caixa-preta. Nada pode ser disponibilizado. Ora, o discurso foi
contraditório. O Ver. Sebastião Melo foi um caldeirão de contradições. O
Vereador admite que nós colocamos publicamente, no Largo Glênio Peres, toda a
prestação de contas, anualmente, semestralmente, colocando tudo o que é de
interesse da comunidade. Nós temos, inclusive - há Vereador que desconhece,
porque se vem do PT não presta -, quantos, Ver.ª Sofia Cavedon? Nós temos os
telecentros; começaram lá na Zona Norte, há no Cristal, há na Pedreira! O povo,
o proletariado, Ver. Sebastião Melo, tem acesso à Internet, em Porto Alegre, de
graça! As crianças pobres têm acesso à Internet. Nós ensinamos a entrar na
página da Prefeitura e lá está como reivindicar, como acessar. Nós fizemos no
Orçamento Participativo, ah, não, é coisa démodé,
é coisa da ágora grega, o povo vai para a praça. Ora, nós não estamos repetindo
a história, aqui, afinal de contas conhecemos um pouco de política, apesar de
que existe gente que nega. Mas nós estamos utilizando, além das reuniões
populares, onde o povo vai, nós usamos a Internet, disponibilizada não apenas
para a classe média.
Acontece
o seguinte: o Rio Grande do Sul tem que acabar com essa soberba de achar que
aqui tudo é perfeito. Não! As coisas não são perfeitas. Aqui há preconceito, há
gente que não aceita, porque é uma posição do PT. Não ouve, porque é do PT! E
aqui, na Câmara, estamos meio que repetindo a Assembléia Legislativa do Estado,
Ver. João Carlos Nedel, que assume a presidência dos trabalhos desta Sessão,
intolerância! Não bastasse a intolerância que vemos no Oriente Médio, estamos
numa Casa do Povo, onde o Prefeito diz: isso aqui é legal, posso abrir, todo
mundo pode saber, mas há coisas que são preservadas por lei federal, que não se
pode disponibilizar. Nós, para termos determinados acessos, temos de fazer um pedido
de informações, o Prefeito tem trinta dias para nos responder. Agora, se formos
na linha do Ver. Sebastião Melo, como ele quis, há dias, na Comissão de
Economia, nós passaríamos na Prefeitura tirando cópias e cópias, durante um,
dois, três, quatro, cinco, seis, sete dias sem descanso e não daríamos conta.
Quem estudará tudo isso? Quem verificará papéis que não têm serventia. Nós
temos de ter condições de fiscalizar o Executivo. Temos essas condições. O Ver.
Sebastião Melo é Presidente da Comissão de Economia como eu já fui por duas
vezes, ali o Prefeito é obrigado a mandar um conjunto de prestações de contas
onde todas as contas da Prefeitura podem ser fiscalizadas e o Prefeito aceita,
sim, uma boa parte da proposição do Ver. Sebastião Melo. Não é um veto total.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Elói Guimarães está com a palavra
para discutir o PLL n.º 036/01.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e Sr.as
Vereadoras, o ato político, jurídico tanto da sanção quanto do Veto são atos
carregados, “prenhes” ideologicamente, ali se expressa a vontade emitida no
referido ato.
E
neste Veto, Ver. Sebastião Melo, eu vislumbro exatamente um veto à
transparência - é uma rejeição à transparência - e uma postura conservadora, no
que diz respeito à tecnologia que a civilização colocou à disposição do homem,
da sociedade, que é exatamente a informática, permitindo que hoje, através de
uma senha, de um pequeno código, se faça acessos a arquivos, etc. Basicamente,
é uma postura antitransparência, que moveu, e aí, é uma postura ideológica que
moveu o Executivo a vetar, na medida em que, Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
o acesso ao movimento financeiro da Prefeitura está, de certa forma, incluído
na competência legislativa. Se nós consultarmos a Lei Orgânica e a Constituição
e examinarmos a função legislativa, veremos que ali está exatamente
estabelecido o acesso que se disponibiliza ao parlamentar para que esse
desvende, enfim, os negócios, os assuntos e a Administração.
Então,
fica aqui, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, a nossa manifestação para constar
exatamente o que nós estamos afirmando. É um veto à transparência na medida em
que não se criam as condições solicitadas para que se facilite a fiscalização,
uma função eixo na ação parlamentar. Legislar e fiscalizar são os verdadeiros
instrumentos que detém o parlamentar para bem desempenhar a sua função. Então,
não se permite que se tenha esse acesso através do mecanismo. Por outro lado é
virar-se de costas à modernidade ou à evolução, às novas tecnologias colocadas
à disposição do homem, que é exatamente a utilização da informática que, pelo
mecanismo da senha e do código, etc., permitiria de pronto que o parlamentar
obtivesse a informação para também contribuir. Na medida em que o parlamentar
tem em mãos os dados, poderá dar a sua contribuição, indicando caminhos,
discutindo a matéria objeto da pesquisa. Portanto, fica a nossa manifestação
favorável ao Projeto.
É
evidente que vamos aceitar o Veto no que toca aos funcionários, já há a medida
cautelar adotada pelo autor da matéria que, em destaque, permitirá que se
aceite aquela parte. No demais, é lamentável que o Prefeito tenha vetado e tem
expressado, na minha opinião, que aqui radiografei, fotografei, uma postura
conservadora e de antitransparência. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel): O Ver. Juarez Pinheiro está com a
palavra para discutir o PLL n.º 036/01, com Veto Parcial.
O SR. MARCELO DANÉRIS (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de
quórum.
O SR. PRESIDENTE (João Carlos Nedel) Vamos fazer verificação nominal de
quórum por solicitação do Ver. Sebastião Melo. (Após a verificação nominal.)
Não há quórum.
Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 18h29min.)
* * * * *